Vendas de imóveis residenciais novos crescem 18% no 1º semestre, diz Abrainc

Resultado foi impulsionado pelas vendas de imóveis de médio e alto padrão (+103%) e superou com folga a alta nos lançamentos (+3%)

Lucas Sampaio

São Paulo mostrou a desaceleração mais forte na leitura do IPC-S (Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

Publicidade

A venda de imóveis residenciais novos cresceu 18% no 1º semestre deste ano na comparação com 2021, enquanto os lançamentos aumentaram 3%, segundo dados da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) divulgados nesta quarta-feira (21) em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Foram vendidas 87.655 unidades nos seis primeiros meses do ano e lançadas 62.414 (na primeira metade do ano passado foram de 72.963 e 60.345, respectivamente).

O grande destaque foi o segmento de médio e alto padrão, pois os lançamentos cresceram 20% e as vendas, 103%. Foram lançadas 24.735 unidades neste ano (contra 20.631 em 2021) e 23.461 vendidas (contra 11.558).

Continua depois da publicidade

Os dados são de 18 construtoras filiadas à Abrainc (que conta com uma dezena de empresas com capital aberto na B3). São elas: Cury (CURY3), Cyrela (CYRE3), Even (EVEN3), EzTec (EZTC3), JHSF (JHSF3), Mitre (MTRE3), PDG (PDGR3), Plano & Plano (PLPL3), Tenda (TEND3) e Trisul (TRIS3)

No segmento CAV (Casa Verde e Amarela, o antigo Minha Casa Minha Vida), os lançamentos caíram 5% e (de 39.713 para 37.674) e as vendas cresceram 2% (de 61.405 para 62.443).

Leia também: Banco Central interrompe ciclo de alta da Selic e mantém taxa em 13,75%

Continua depois da publicidade

Financiamentos resistem

O presidente da Abrainc, Luiz França, diz que o resultado foi influenciado por uma boa oferta de crédito imobiliário, pois o volume de financiamentos de imóveis novos cresceu 5% no semestre (de R$ 24,7 bilhões para R$ 26 bilhões).

O financiamento para novos imóveis cresceu na contramão dos empréstimos para a compra de imóveis usados, que recuaram 28% (de R$ 55 bilhões para R$ 39,5 bilhões). Como um todo, houve queda de 18% (de R$ 79,7 bilhões no primeiro semestre de 2021 para R$ 65,6 bilhões em 2022).

França diz que o crescimento nos empréstimos para imóveis novos ocorreu porque a taxa de juros do mercado imobiliário “não sobe na mesma magnitude da Selic”. “A taxa média do financiamento foi de 7,8% para 9,9% ao ano, enquanto a Selic foi de 2% para 13,75%”.

Tendência de crescimento?

O presidente da associação das incorporados acredita inclusive que os lançamentos e as vendas de imóveis vão crescer em 2022 na comparação com 2021, apesar da alta dos juros. “As vendas estão muito boas e os estoques estão caindo. Isso estimula os lançamentos”.

Publicidade

Ele disse que “o aumento na taxa de juros não é relevante”, pois “o impacto na prestação é pequeno”. França destacou que o prazo médio dos financiamentos é de 25 anos atualmente, enquanto o prazo máximo é de 35 anos, por isso os consumidores podem alongar os contratos (e reduzir o valor das parcelas) para compensar a alta dos juros.

O executivo destacou também a porcentagem dos distratos em relação às vendas, que estão atualmente em 10,9% — o menor patamar desde o início da série histórica, iniciada em 2014. Em 2016, por exemplo, o índice de distratos estava em 39%.

Ele avalia que a mudança na legislação feita em 2018 inibiu o cancelamento das vendas e diz que os distratos se concentram atualmente anteriores à lei (embora a Abrainc não tenha números que mostrem essa diferença). “Isso é importantíssimo e nos tranquiliza, dando segurança para colocar o pé no acelerador e crescer”.

Continua depois da publicidade

Casa Verde e Amarela

A associação das incorporadoras destacou as 3 mudanças que o governo fez no Casa Verde Amarela nos últimos meses (em fevereiro, abril e julho), ampliando os limites de preço dos imóveis, os subsídios e o prazo máximo de financiamento e reduzindo as taxas de juros da linha pró-cotista do FGTS.

“O resultado disso é que as vendas no 2º trimestre foram 31% maiores das apontadas no 1º trimestre”, disse França. “Esses ajustes serão fundamentais para aumentar a produção do programa no segundo semestre deste ano, o que é fundamental para se combater o déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias”.

(Com Estadão Conteúdo)

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.