Por que caminhões venceram a corrida contra os carros na automação

Implementar caminhões autônomos no Brasil e no mundo é potencialmente mais fácil do que carros

Giovanna Sutto

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ESTOCOLMO* – Os carros autônomos ainda não são uma realidade, embora o assunto seja popular. Muitos modelos estão em testes ao redor do mundo, com grandes empresas investindo pesado na iniciativa. Uber, Google, Volvo, Tesla, entre outras têm modelos com diferentes níveis de autonomia.

No entanto, a chegada desse tipo de veículo ao público geral ainda vai demorar para acontecer devido a algumas dificuldades: legislação, a própria tecnologia, preço, segurança, entre outros.

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Por outro lado, os caminhões autônomos já funcionam em alguns lugares do mundo. No Brasil, por exemplo, a mineradora Vale já usa caminhões sem motoristas controlados por inteligência artificial.

Durante o Traton Innovation Day, na Suécia, Rodrigo Chaves, CTO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, explicou que implementar caminhões autônomos no Brasil e no mundo é potencialmente mais fácil do que carros.

“O caminhão é um bem de produção, então, existe a possibilidade avançar mais com os testes de tecnologia porque geralmente você trabalha em condições mais controladas ao desenvolver a direção autônoma”, afirma o executivo em entrevista ao InfoMoney.

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Explicando em miúdos, geralmente os caminhões são feitos para ir de um ponto A a um ponto B. Então, ao operar um caminhão de um porto até o centro de distribuição, é possível ter mais controle do traslado de cargas e contêineres, segundo Chaves.

“É mais viável operar testes em fazendas ou minas – inclusive é o mais comum. A chance de erro é menor do que os testes em vias urbanas, o que permite um ambiente mais propício, previsível e seguro para iniciar o desenvolvimento da tecnologia autônoma e aprimorá-la de forma mais rápida, a ponto de quando atingir a maturidade nessas áreas mais restritas, a transição para um ambiente mais amplo e de fluxo mais intenso é mais fácil”, explica o executivo.

Carros também podem ser testados em áreas limitadas, mas Chaves explica que em termos de negócios e parcerias, testar os caminhões em condições mais previsíveis é suficiente e já atrai clientes e parcerias. Mas quando se discute carros, isso é muito mais difícil, porque se espera muito mais de um carro para um parceiro se interessar, por exemplo.

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Outra questão é que, em geral, os caminhões de grande porte circulam mais em rodovias, locais mais afastados dos centros das cidades o que também facilita a execução da tecnologia autônoma – carros costuram as cidades com muitos mais sinais, pessoas e estímulos.

Claro que, os caminhões também precisam se adequar às novas regulações, mas a probabilidade de chegarem ao dia a dia antes dos carros é grande, segundo o executivo da VW.

Montadoras mais responsáveis

Christian Levin, COO do grupo Traton, acredita que os veículos autônomos enfrentaram um pico de interesse do mundo todo, o que os colocou no centro das discussões de mobilidade. No entanto, ainda há muito o que caminhar em relação a tecnologia e consciência.

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“É importante entender que, ao produzir um carro autônomo, a responsabilidade é totalmente da fabricante, não do condutor. O usuário só consome, mas os softwares e todo o processo fica por conta da montadora. Mas isso desacelerou o desenvolvimento, porque é um grande trabalho”, explica.

Ainda, ele pontua a questão de preço, já que a tecnologia custa caro, então ainda é algo muito distante da realidade dos consumidores comuns. “Quando falamos de caminhões é algo mais próximo, embora ainda seja um grande desafio. Precisamos aprender pouco a pouco com clientes em diferentes setores e vamos desenvolvendo integrações na logística e softwares ainda mas robustos para que, de fato, o caminhão faça tudo o que for pedido pelo cliente, seja em segurança, logística, etc”, diz Levin.

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 *A repórter viajou a convite da Volkswagen Caminhões e Ônibus. 

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.