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SÃO PAULO – A Ambev (ABEV3), empresa mais valiosa da Bolsa, passa por uma situação complicada. Depois de ter renovado a máxima histórica (R$ 18,16) no início desta semana, analistas trabalham com um cenário de correção do papel, em meio à possibilidade de retração das vendas a partir de fevereiro – passado o Carnaval – e risco de racionamento tanto de água como energia. Com os fundamentos afetados, o aluguel dos papéis, que passam normalmente despercebidos no BTC – Banco de Títulos CBLC -, chamaram atenção nos últimos dias. A operação ocorre pois para vender uma ação na Bolsa primeiramente o investidor precisa “tomar” esse papel emprestado, pagando por isso uma taxa de aluguel.
Entre segunda e terça-feira, o aluguel da ABEV3 saltou em 7 milhões, passando para R$ 102,019 milhões – patamar mais alto desde julho de 2014. Considerando 27 de janeiro, o empréstimo subiu em 12,6 milhões, crescimento de 14,15%. No mês, no entanto, as ações da Ambev registram alta de 2,1%, figurando próximas a R$ 18. No ano, soma ganhos de 11,39%.
“Não é um movimento preocupante no BTC. Ainda há papel disponível para aluguel. Essa arrancada deve-se mais aos fundamentos, com risco de racionamento e queda na produção de cerveja”, comentou Guilherme Belloni, da mesa de BTC da XP Investimentos. Segundo ele, apesar do aumento do aluguel, não há nenhuma justificativa para que a taxa para “tomar” o papel aumente também. Atualmente, ela gira em torno de 0,6% ao ano.
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Ontem, foram divulgados os dados de produção das cervejas brasileiras em janeiro. Embora tenha registrado uma alta de 3,7% no primeiro mês do ano frente a dezembro, o crescimento ficou em apenas 0,6% na comparação com o mesmo mês de 2014, lembrando que ano passado o Carnaval ocorreu em março e neste será em fevereiro.
Entre os riscos que os analistas têm comentado sobre o papel, estão ainda inflação dos preços administrados (transporte e energia principalmente), o que resultaria em menor poder aquisitivo, inflação maior dos alimentos caso a crise hidrológica persista, retração do emprego, possibilidade de retração da economia em 2015 e possível aumento dos impostos sobre bebidas frias dado o ajuste fiscal.