SÃO PAULO – A divulgação do plano de investimentos atualizado para 2013-2017 da Petrobras (PETR3;PETR4) – com manutenção dos US$ 236,7 bilhões em relação ao anterior – não foi um catalisador para as ações da companhia. Entretanto, aponta a maior parte dos analistas de mercado, o plano foi positivo, principalmente em meio aos temores de que os investimentos teriam uma alta expressiva.
Em relatório chamado “O plano: um outro passo na direção certa”, o Credit Suisse ressalta que o novo plano coloca a gestão da companhia “de volta à realidade”, principalmente frente ao fluxo de caixa, que vai aumentar em R$ 23 bilhões por ano até 2017.
Já o Itaú BBA ressalta que aqueles mais otimistas em relação à companhia após o aumento inesperado nos preços de diesel, no início de março, podem ter esperado um corte no capex. “Porém, acreditamos que o fato de conseguir manter o capex estável representou mais uma das vitórias da [presidente] Graça Foster”, avalia.
De acordo com os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, este reajuste foi autorizado para permitir que a companhia prosseguisse os seus investimentos. Entretanto, o verdadeiro receio era de que os investimentos iriam aumentar.
“Este plano é consistente com os princípios apresentados pela nova administração da Petrobras no plano anterior, apresentando continuidade e simplificando o processo de aprovação, o que é positivo”, afirmam Paula e Mendes. Com isso, os analistas aproveitaram para elevar levemente o preço-alvo das ações PETR4, passando de R$ 23,60 para R$ 23,90, com um potencial de valorização de 25,20% frente ao fechamento de sexta-feira (15).
Maior compromisso da companhia…
O Bank of America Merrill Lynch, por sua vez, destaca que a mensagem-chave do plano é um compromisso de maior cuidado em implementar um programa de crescimento muito agressivo e complicado, com maior foco na manutenção de uma situação financeira saudável.
Assim, as perspectivas de longo prazo para a companhia seguem bastante positivas, apontam os analistas do BofA, Frank McGann e Conrado Vegner, com uma das melhores projeções de crescimento para 2015. Entretanto, os riscos de curto prazo permanecem, avaliam, com pressão nos ganhos da companhia. Deste modo, a recomendação para os ativos segue neutra.
Os analistas do Credit Suisse, Emerson Leite, Vinicius Canheu e André Sobreira, destacam ainda que, com o aumento da produção de petróleo para 2,75 milhões de barris de óleo equivalente, a situação de caixa da companhia seria aliviada. Além disso, com o plano de investimento para este ano, a expectativa é de que a Petrobras se comprometa com uma maior paridade dos preços em relação ao mercado internacional.
…mas preocupações persistem
Entre as informações apontadas no plano de negócios, a Planner Corretora destaca que uma notícia é negativa e outra é positiva. A negativa é de que o ano de 2013 seguirá difícil, com mais investimentos e geração de caixa e com o nível de endividamento se elevando mais uma vez.
Entretanto, com a estimativa de fluxo de caixa livre – geração de caixa menos os investimentos – voltando a ser positivo em 2015, o endividamento naquele ano deve cair, com os dividendos podendo crescer.
Os analistas do JPMorgan divergem da maior parte do mercado, que se mostrou positivo com o plano. Algumas perguntas seguem sem respostas, como a viabilidade dos desinvestimentos de US$ 9,9 bilhões e a redução de 22% nos investimentos na área petroquímica. Para os analistas Caio Carvalhal e Felipe dos Santos, adiamentos e cancelamentos de refino ou importação de combustíveis são avaliados como potencialmente negativos para a empresa.
Veja as recomendações das casas de análise para a Petrobras:
Casa de análise | Ticker | Preço-Alvo | Upside* | |||
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*Em relação ao fechamento de sexta-feira (15) **American Depositary Receipt | ||||||
Itaú BBA | Marketperform | R$ 23,90 | +25,20% | |||
Credit Suisse (ADR**) | Outperform | US$ 25,00 | +28,23% | |||
JP Morgan (ADR**) | Neutro | US$ 24,00 | +23,20% | |||
BofA (ADR**) | Outperform | US$ 23,00 | +18,07% | |||
Planner | Compra | R$ 29,00 | +51,91% |