Petrobras: venda bilionária da TAG é considerada marco e analistas recomendam compra das ações

Operação corresponde a um terço do plano de desinvestimentos da estatal e deve continuar valendo a pena no longo prazo 

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

Publicidade

São Paulo – Desde sexta-feira (5), quando a Petrobras (PETR3; PETR4) anunciou a venda de 90% da TAG para a Engie (EGIE3) e o fundo canadense CDPQ por US$ 8,6 bilhões, as ações da petroleira sobem na B3. Para analistas, o negócio foi fechado a um preço alto o bastante para gerar valor aos acionistas, além de reforçar o comprometimento da Petrobras com a venda de ativos para reduzir o endividamento e aumentar o foco da companhia. 

De acordo com a equipe de análise da XP Investimentos, o impacto por ação será de R$ 1,68, o que corresponde a uma elevação de 5,8% sobre o último fechamento dos papéis da estatal. Além disso, o múltiplo dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da Petrobras será reduzido em 0,19 vezes, para 2,15 vezes. Por fim, espera-se um avanço de 32% da meta de US$ 26,9 bilhões de venda de ativos.

“Vemos o anúncio como um marco para a Petrobras, sinalizando o comprometimento de sua administração com a redução da dívida e a alocação de capital”, destaca a equipe de análise da petroleira. 

Continua depois da publicidade

A XP tem um preço-alvo de R$ 33 para as ações preferenciais da Petrobras – o que significa uma valorização de 13% sobre o patamar atual dos papéis – e de R$ 32 para as ordinárias – que já é o preço atual. A recomendação é de compra. 

Na mesma linha, o Credit Suisse elevou a recomendação das ações da estatal de neutra para outperform (desempenho acima da média do mercado), destacando que esta é a “última chamada para entrar no voo dos papéis da companhia”. Em relatório assinado pelo analista Regis Cardoso, o banco coloca o preço-alvo unitário dos ADRs (na prática, as ações da Petrobras negociadas na bolsa de Nova York) em US$ 21, o que dá uma alta de 24% sobre o valor atual de negociação. 

Entre os motivos citados para essa avaliação tão otimista, o Credit mencionou o sucesso até agora do programa desinvestimento da estatal para reduzir a alavancagem e melhorar a alocação de capital. “Muitos dos processos de vendas de ativos estão amadurecendo e acreditamos que o programa de desinvestimento deve trazer uma sequência consistente de anúncios positivos – o último deles tendo sido o relativo à venda da operação de transmissão de gás da TAG”, argumenta o analista. 

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

No comunicado sobre a venda, a Petrobras admitiu que continuará a utilizar os serviços de transporte de gás natural prestados pela TAG por meio dos contratos de longo prazo já vigentes entre as duas companhias. Por isso, o Credit entende que essa é uma transação de dívida. “A companhia recebe um grande fluxo de caixa agora e depois repaga em parcelas futuras por meio das tarifas de transporte estabelecidas em contratos de longo prazo”. Neste cenário, o custo do acordo seria de 5,3% ao ano para a Petrobras, contra os juros de 5,8% que a empresa recebe nos títulos de dívida emitidos para o mercado externo. 

Após a transação, a matriz francesa Engie deterá a mesma participação que a Engie Brasil de 29,25% na TAG, o CDPQ ficará com 31,5% e 10% serão da Petrobras. A TAG possui gasodutos na região Nordeste e Norte com 4,5 mil quilômetros de extensão e obteve receita líquida de R$ 4,9 bilhões em 2018. Antes do negócio, a Petrobras possuía 90% da TAG.

O gestor Felipe Bevilacqua e o especialista em ações Eduardo Guimarães ressaltam em relatório da Levante que a venda da TAG representa cerca de um terço da meta da estatal de US$ 27 bilhões em vendas de ativos. “Os recursos com a venda da TAG serão direcionados para a redução do nível de endividamento líquido na petroleira, que era de R$ 269 bilhões. Com isso, a dívida líquida total será reduzida em cerca de 10%”, diz.

Fica claro que o mercado gostou da operação e os papéis da Petrobras sobem 1,97% a R$ 32,68 os ordinários e 1,32% a R$ 29,16 os preferenciais às 13h05 (horário de Brasília), também de olho no preço do petróleo. Assim, para quem estava otimista com Petrobras, a venda da TAG deu um ânimo extra. Agora, o mercado espera por novos catalisadores, com destaque para a cessão onerosa, que pode sair ainda esta semana. 

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.