Petrobras pode ter rating cortado pela Moody’s por conta de dívida excessiva

Os custos elevados e as pressões no lucro de refino e distribuição também preocupa, assim como a ligação umbelical da empresa com o governo

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A Moody’s colocou o rating da Petrobras (PETR3; PETR4) em perspectiva negativa, o que pode indicar um corte na nota de crédito da estatal em breve. “A perspectiva negativa reflete os crescentes níveis de dívida da empresa e a incerteza acerca do timing e entrega da produção e do crescimento do fluxo de caixa diante de um grande plano de investimento”, destaca a agência.

Os custos elevados e as pressões no lucro de refino e distribuição também preocupam – assim como a ligação umbelical da empresa com o governo, que detém um papel importante no desenvolvimento no exterior, na direção estratégica da empresa. Isso inclui as políticas de exigência de conteúdo local, que afetarão os planos de desenvolvimento futuro. 

A companhia, destaca a Moody’s, tem um dos perfis de crescimento de produção de longo prazo mais elevado entre as petrolíferas – tendo em vista a lista de reservas existentes e as novas potenciais descobertas em águas profundas no pré e no pós-sal brasileiro. “E para sustentar esse crescimento, a empresa está buscando um programa de investimento ambicioso, com um orçamento de US$ 236,5 bilhões para o período de 2012 para 2016”, destaca. 

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E até o momento, os gastos da empresa excedem – em muito – a sua geração de caixa. “E sua produção ainda não atingiu as metas”, acredita. Eles citam que de 2011 para 2012, a companhia perdeu cerca de 0,5% de sua produção, que atingiu uma média de 2,59 milhões de barris de óleo equivalente diariamente. 

A empresa viu sua alavancagem subir bastante em 2012, e pode se deteriorar ainda mais em 2013. “O risco de execução está aumentando, relacionado não apenas à geologia e à tecnologia de desenvolvimento, mas também por causa do impacto das políticas do governo no conteúdo local, e a ordem para estabelecer uma indústria local de serviços de petróleo”, avalia a Moody’s. 

A agência também destaca que a companhia tem uma série de pontos positivos que ajudam a mitigar essas pressões, incluindo uma base de reservas de ampla escala e uma posição de liderença em áreas offshore mais prospectivas da indústria. A companhia também tem sucesso para obter novas descobertas relevantes e conhecimento técnico para desenvolvê-las.

Mas a companhia deve enfrentar, em 2013, crescentes níveis de dívida, elevadas pressões de custo e riscos de execuções. “As crescentes importações de produtos e as políticas de preço do governo também compõem esses desafios. Os controles de preço impedem que a empresa recupere altos custos de importação de produtos , resultando em grandes perdas com refino e distribuição”, salienta a agência.

Para eles, o rating pode ser rebaixado caso a empresa não ajuste e encontre flexibilidade no seu plano de investimentos. Para o médio prazo, a companhia precisa reduzir custos e administrar crescente alavancagem financeira.