Petrobras passa por 1º “teste de fogo” e traz alívio aos investidores ao subir preços dos combustíveis

Contudo, mercado seguirá monitorando de perto os próximos passos da estatal caso volatilidade no mercado de petróleo continue

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Dois dias após afirmar que não reajustaria os preços dos combustíveis de forma imediata como reação ao salto do petróleo, a Petrobras (PETR3;PETR4) subiu os preços da gasolina em 3,5% e do diesel em 4,2% nas refinarias, o que foi visto com alívio por grande parte dos investidores. 

A decisão foi lida como um sinal de independência da companhia na política de preços – política esta que foi colocada à prova após o forte salto de até 20% da commodity na segunda-feira com o ataque a instalações na Arábia Saudita no fim de semana. Com isso, as ações PETR3 e PETR4 registram ganhos de cerca de 2% na sessão desta quinta-feira (19). 

De acordo com a análise do Morgan Stanley, seguindo a elevação dos preços, a cotação da gasolina está alinhada com a paridade internacional, enquanto o diesel tem uma defasagem entre 2% e 3%. 

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“Acreditamos que a decisão de elevar os preços elimina um ponto de risco relevante em potencial da ação, pois sustenta a independência da gerência na política de preços de combustíveis”, avaliam os analistas Bruno Montanari e Guilherme Levy. 

Tal independência, apontam os analistas, também deve resultar em maior confiança no processo de vendas de ativos de refino da empresa.

“Ninguém compraria uma refinaria de uma empresa que pratica políticas de preços subsidiados. Seria pedir para perder dinheiro”, destaca a equipe de análise da Levante Ideias de Investimentos, reforçando a importância da mostra da maior autonomia da estatal. 

Contudo, ela também destaca que foi importante a Petrobras não reajustar os preços de forma automática já na segunda-feira, de um dia para o outro, uma vez que mostraria sérios problemas em sua política de preços.

Vale ressaltar que, após o salto na segunda-feira, a commodity teve duas baixas seguidas e, até o fechamento da véspera, os ganhos foram de 5,6% na semana. Já nesta quinta-feira, a alta do brent é de cerca de 1%, com incertezas adicionais com relação à oferta.

“Atualmente, a capacidade disponível global é extremamente baixa após os ataques de fim de semana, deixando pouco espaço para paradas adicionais na produção, o que tende a dar suporte aos preços”, destacou Giovanni Staunovo, analista de petróleo do UBS.

Desta forma, um reajuste imediato poderia causar forte descontentamento popular em um ambiente ainda de forte incerteza para as cotações da commodity.

Em entrevista ao Brazil Journal, Roberto Castello Branco, CEO da Petrobras, destacou que o reajuste não deveria surpreender. 

“Eu havia dito — e o Presidente Bolsonaro falou na segunda-feira — que a Petrobras não faria ajuste de imediato, mas ninguém falou que não haveria ajuste,” destacou à publicação. 

Para o Morgan, as indicações até agora são positivas. Porém, os analistas fazem uma ressalva: a visão é baseada em um repasse contínuo alinhado com a referência internacional, o que eles avaliam ser o caso.

Os investidores seguem positivos com a Petrobras e mantêm a visão de independência da companhia. Contudo, seguem monitorando com lupa os próximos passos da política de preços da estatal em meio a esse forte cenário de volatilidade para o petróleo. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.