“Petrobras continuará sendo uma versão barata da Exxon Mobil”, diz operador

Petrolífera brasileira está prestes a reverter dois anos de queda de produção graças ao pré-sal, mas reviravolta na Bovespa deve demorar mais tempo

Bloomberg

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A Petrobras (PETR3; PETR4) deverá reverter dois anos de quedas na produção quando começar a explorar o maior grupo de descobertas de petróleo deste século. Interromper o declínio de cinco anos de suas ações provavelmente levará mais tempo.

A Petrobras teve os piores retornos em ações e ativos das 10 maiores empresas de petróleo negociadas publicamente nos últimos 12 meses, mostram dados compilados pela Bloomberg. Atrasos para desenvolver as descobertas gigantes e cumprir metas de produção eliminaram mais da metade do valor de mercado da companhia com sede no Rio de Janeiro nos últimos cinco anos.

As perdas de US$ 31 bilhões em três anos em sua unidade de combustíveis e o custo para perfurar alguns dos poços mais profundos do mundo significam que a Petrobras provavelmente continuará sendo menos lucrativa do que seus pares russos estatais OAO Rosneft e OAO Lukoil, disse o Citigroup Inc. A Petrobras é a produtora de petróleo mais endividada do mundo em um momento em que investe US$ 220,6 bilhões em cinco anos para perfurar, refinar e vender o petróleo preso quilômetros abaixo do fundo do Oceano Atlântico.

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“O triste é que esses resultados não vieram mais rapidamente e é por isso que os investidores perderam tanto dinheiro”, disse Russ Dallen, operador-chefe da Caracas Capital Markets, com sede em Miami. “É uma versão barata de uma Exxon Mobil ou uma ConocoPhillips. Infelizmente, continuará sendo uma versão mais barata”.

A Exxon Mobil Corp. e a ConocoPhillips deram retornos de 14 por cento e 36 por cento aos investidores nos últimos 12 meses, respectivamente, contra uma perda de 16 por cento da Petrobras, o pior desempenho de uma companhia petroleira avaliada em mais de US$ 50 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Petrobras é negociada a 8,3 vezes os lucros estimados deste ano, contra uma razão de 13 da Exxon e 13 da ConocoPhillips. As ações da Petrobras estão em queda de 2,6 por cento até aqui neste ano, o que reduz o valor da empresa a US$ 93 bilhões.

Mais volátil
O departamento de imprensa da Petrobras e o escritório da presidente Dilma Rousseff não responderam a e-mails pedindo comentário a respeito do desempenho das ações e da política de preço para os combustíveis da companhia. O Ministério da Fazenda preferiu não comentar, em uma resposta enviada por e-mail.

Embora estime que os ganhos de produção e os preços do combustível possam somar até US$ 10 bilhões ao ano, o Citigroup diz que ainda levará mais de dois anos para que a petroleira gere um fluxo de caixa total positivo.

“As potenciais melhorias não são grandes o suficiente para suportar o risco de sua carga de dívida e a expansão contínua subjacente no médio prazo”, disseram analistas do Citigroup liderados por Graham Cunningham em um relatório de pesquisa, em 22 de maio. “Diferentemente da Petrobras, a Rosneft e o resto da indústria petroleira russa não subsidiam a economia russa com produtos do petróleo de baixo preço”.

A incerteza a respeito dos custos de importação de combustíveis e do crescimento da produção transformou a Petrobras na mais volátil entre as ações de grandes petroleiras nos últimos 12 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“A Petrobras teria um aumento de dois dígitos, pelo menos, se os subsídios fossem eliminados”, disse Luana Helsinger, analista de petróleo e gás na corretora GBM Brasil, que tem o equivalente a um rating de “compra” para a ação e espera um crescimento de 6 por cento na produção neste ano, por telefone, do Rio. “O plano de negócios da Petrobras não é viável da forma em que está, alguma coisa tem que mudar”.