Passaportes de vacinação sustentam setor aéreo na Europa

Na Europa, fronteiras menos controladas e exigências de quarentena mais flexíveis ajudam a aumentar a ocupação dos aviões durante a alta temporada de verão

Bloomberg

Ilustração (Getty Images)

Publicidade

(Bloomberg) – A variante delta da Covid-19 chegou para abalar o setor de aviação no momento em que os principais mercados estavam se recuperando.

Nos EUA, a Southwest Airlines culpa a delta pelas reservas canceladas e pela desaceleração na demanda, o que pode causar prejuízos trimestrais para a companhia e suas concorrentes.

Após liderar a retomada do setor no ano passado, as operações na China estão recuando. As aéreas chinesas agora oferecem o menor número de assentos em seis meses, enquanto as autoridades tentam impedir o avanço da doença. Na Austrália, as operadoras também estão batendo em retirada, já que mais da metade do país está em lockdown.

Continua depois da publicidade

“O mais provável é que a variante delta atrapalhará qualquer recuperação”, disse John Grant, analista-chefe da OAG. “Qualquer avanço será interrompido porque os novos surtos deixaram governos ao redor do mundo com temor de reabrir as fronteiras”, acrescentou.

Um dos poucos locais com perspectiva mais otimista é a Europa, única área onde os chamados passaportes de vacina são amplamente utilizados.

Veja como a variante delta, altamente contagiosa, afeta os principais mercados:

EUA

A esperança de que a recuperação observada durante o verão do Hemisfério Norte se estenderá até o outono está desaparecendo. O tráfego de passageiros atingiu 80% dos níveis pré-pandêmicos no verão. Agora, o aumento no contágio assusta viajantes e investidores.

A Southwest alertou em 11 de agosto sobre a desaceleração das reservas e o maior número de cancelamentos.

A variante delta também abalou a demanda corporativa. O adiamento dos planos de reabertura dos escritórios em até 90 dias provoca uma “uma pequena pausa” na retomada das viagens de negócios dentro do país, afirmou o CEO da Delta Air Lines, Ed Bastian, em entrevista à Fox Television em 9 de agosto.

O nível de passageiros que viajam a negócios nos aviões da empresa está perto de 50% do observado em 2019.

China

As companhias aéreas chinesas planejam operar 360.509 voos em agosto, o menor número desde fevereiro, de acordo com dados da Cirium, que monitora o tráfego aéreo.

A diminuição dos voos vem após a última campanha de erradicação da Covid-19 no país, que incluiu o fechamento de aeroportos em Nanjing, Pequim e Yangzhou. Na segunda-feira, foi anunciado que a China não teve nenhuma transmissão local – um sinal promissor de que a parada nas viagens terá curta duração.

Em entrevista à Bloomberg Television na segunda-feira, o secretário de Comércio de Hong Kong, Edward Yau, disse que a Covid precisa ser afastada antes que as fronteiras possam ser totalmente reabertas.

“É extremamente difícil planejar e operar em um ambiente em constante mudança”, disse o presidente do conselho da Cathay Pacific Airways, Patrick Healy, em 11 de agosto, quando a companhia divulgou prejuízo de HK$ 7,6 bilhões (US$ 976 milhões) no primeiro semestre.

Europa

Fronteiras menos controladas e exigências de quarentena mais flexíveis ajudam a aumentar a ocupação dos aviões na Europa durante a alta temporada de verão, quando as aéreas geram receita para sobreviver ao inverno.

A capacidade das companhias aéreas regionais está em cerca de dois terços do nível de 2019, comparado a um terço em abril.

A empresa de descontos Ryanair vai abrir 250 novas rotas no inverno para aproveitar esse impulso. A rival Wizz Air Holdings acredita que sua capacidade voltará aos níveis pré-Covid este mês.

A Deutsche Lufthansa informou no início de agosto que pode abrir rotas na América do Norte a partir do final do verão e na Ásia no final de 2021.

A Air France-KLM espera voltar a dar lucro este trimestre, quando a capacidade atingirá até 70% do normal.

Austrália e Nova Zelândia

O forte avanço da delta reverteu a recuperação da Qantas Airways. Nova Gales do Sul e Victoria, os dois estados mais populosos da Austrália, estão em lockdown enquanto as autoridades tentam acelerar uma lenta campanha de vacinação.

O lockdown em Sydney começou no final de junho e vai até pelo menos o final de setembro. Esse confinamento demorado forçou a Qantas a colocar mais 2.500 funcionários de licença, totalizando 9.500 pessoas paradas.

A Air New Zealand está operando apenas o cronograma básico após o anúncio de prorrogação do lockdown nacional até 27 de agosto.

Curso gratuito ensina a ter consistência na bolsa para ganhar e rentabilizar capital. Participe!