Para fechar fusão, Oi terá que fazer uma oferta de ações entre R$ 7 bi e R$ 8 bi

Analistas seguem tom de cautela quanto a overhang frente ao aumento de capital da companhia

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Após o anúncio da fusão com a Oi (OIBR3OIBR4), as ações da Portugal Telecom disparam na sessão desta quarta-feira (2) na Bolsa de Lisboa, registrando ganhos de 14,26%, a € 3,88, às 9h21 (horário de Brasília). Já com relação à empresa brasileira, analistas veem a fusão como um evento positivo, mas acreditam que a oferta de ações para que a operação seja concluída possa pressionar a cotação dos ativos OIBR3 e OIBR4 no curto prazo. 

Na madrugada desta data, a Portugal Telecom e a Oi anunciaram uma megafusão através da criação da CorpCo, que será resultado da combinação dos negócios da Oi no Brasil e da Portugal Telecom em Portugal e na África.

As empresas estimam sinergias operacionais e financeiras de aproximadamente R$ 5,5 bilhões de reais. O fato da Oi precisar de caixa e a disputa acionária entre os controladores e a Portugal Telecom tornaram essa operação já esperada por parte do mercado. O aumento de capital da companhia brasileira será no valor mínimo de R$ 13,1 bilhões, podendo atingir R$ 14,1 bilhões. 

Continua depois da publicidade

A Portugal Telecom entra com ativos da África e Portugal, totalizando R$ 6 bilhões e o restante, entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões virá em dinheiro, uma vez que a Oi precisa de caixa e também via aumento de capital. Já os atuais acionistas da TelPart e um veículo de investimento administrado e gerido pelo BTG Pactual, participarão da oferta mediaante colocação de ordem de subscrição de cerca de R$ 2 bilhões. 

Vale ressaltar que, atualmente, o market cap da Oi é de R$ 7 bilhões. Desta forma, como aponta a XP Investimentos, caso o minoritário não acompanhe a oferta, terá seu percentual reduzido à metade de participação após operação. Com isso, a oferta nesse cenário de mercado, mesmo com R$ 2 bilhões já garantidos, deverá pressionar os ativos no curto prazo. O JP Morgan também segue cauteloso com a operação; em destaque está a baixa visibilidade sobre as potenciais sinergias, além de também verem um overhang pelo aumento de capital. 

Frente à relação de troca, cada ação da PT se tornara uma nova ação ordinária da CorpCo, mesma relação entre as ordinárias da Oi. Cada 1,0857 ação preferencial, listada sob o código OIBR4 da Oi será substituída por 1 ação ordinária da nova companhia. As relações foram estabelecidas com parâmetro nas cotações de mercado da Oi no período de 30 dias anteriores ao anúncio. A CorpCo será listada nas bolsas de São Paulo – onde participará do Novo Mercado -, Nova York e Lisboa e não terá nenhum grupo controlador.

Operação de fusão deve ocorrer entre 150 e 180 dias
Em entrevista à imprensa, Zeinal Bava, presidente da Oi e que será o CEO (Chief Executive Officer) da companhia resultante da fusão, disse que a operação de união entre a PT e a empresa brasileira deve ocorrer entre 150 a 180 dias. Ele espera que a operação aconteça até o segundo semestre de 2014. 

Bava ressaltou ainda que a empresa vai reajustar os seus investimentos em Portugal, destacando, contudo, que a maior parte dos ajustes já foi feita. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.