Osklen vende máscaras a R$ 147, é criticada e responde que lucraria “menos de 7%”

A empresa não é a única que está comercializando máscaras, mas o preço foi considerado abusivo pelos usuários

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Em meio à pandemia, a marca carioca Osklen, do grupo Alpargatas, começou uma campanha chamada “Respect & Breathe” em que vendia duas máscaras de proteção por R$ 147.

Para cada kit vendido até o fim de maio, doaria uma cesta básica no valor de R$ 70 para a comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. O produto foi anunciado no site e nas redes sociais da empresa, mas foi retirado do ar após uma enxurrada de críticas.

A empresa não é a única que está comercializando máscaras, mas o preço foi considerado abusivo pelos clientes e massacrado nas redes sociais.

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No site da marca de moda, o anúncio dizia que as máscaras foram produzidas por “bravas costureiras” durante o período de isolamento social.

Segundo a Osklen, as máscaras são feitas com 100% de algodão e têm estampas exclusivas da coleção.

A situação piorou quando, após receber questionamentos sobre o valor do kit, a empresa divulgou como o preço foi formado, indicando quanto receberia de lucro e informando que o cliente arcaria com o custo cesta básica, sem nenhum subsídio da própria empresa.

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“A Osklen entende que usar máscaras nesse momento é importante e quer levar aos seus clientes mais uma opção com peças funcionais, com design e qualidade”, diz a empresa no post em que justifica o preço, que foi posteriormente apagado.

“Não abrimos nossos números, mas dada a curiosidade gerada pela nossa iniciativa, resolvemos compartilhar com vocês o fato de que com o pack vendido a R$ 147, a empresa terá menos de 7% de lucro, exatamente R$ 11″, explica a empresa ao divulgar a imagem abaixo.

Veja :

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Mas o tiro saiu pela culatra. Usuários no Twitter criticaram a ação: “Não é possível que na empresa inteira não teve um [profissional] da Osklen para dizer: ‘talvez [em] uma pandemia que matou [mais de] 7 mil só no Brasil não seja hora boa para capitalizar’. E doar uma cesta básica para cada 147 reais?! Sério? Tem costureira se mantendo a R$ 10 a unidade!”, diz um internauta.

“É surreal a atitude da Osklen. Vocês apagaram o post, mas o print e a má reputação é eterna!”, diz outro usuário. 

Para Marcos Gouveia, especialista em varejo e diretor-geral do Grupo GS & Gouvêa de Souza, o erro da marca foi a execução. “Nesse caso específico, a ação de doação foi uma ótima ideia, mas a execução e a comunicação falharam. A campanha se volta para a questão: a venda da máscara viabiliza a doação, mas a forma como foi feita criou problemas. Não é hora de fazer resultado com máscara, o momento exige solidariedade e o ruído acontece em um momento em que o mercado está muito mais sensível”, opina.

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Segundo ele, o tema “máscara” criou uma mobilização nacional, já que é, junto com o distanciamento social, “o único instrumento que assegura a redução da contaminação e um retorno possível e responsável em futuro breve”.

Ele argumenta que é inevitável que a máscara vire objeto de comercialização. “Além da máscara básica de uso quase contingencial, é obvio que vão surgir variantes com a moda, propósito e conceito, já que o item vai ser o símbolo de ‘novo sentido de segurança’ porque, se em um primeiro momento é incomodo, uma hora o uso terá que ser automático”, diz.

O InfoMoney contatou a Osklen, por meio da assessoria da Alpargatas, que explicou que entende que máscara é um produto para a defesa da saúde das pessoas.

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“Por isso, no mês passado, a fábrica da marca foi remodelada para produzir 50 mil máscaras hospitalares que estão sendo doadas para profissionais de saúde. Ao saberem dessa ação, consumidores nos procuraram pedindo para que produzíssemos máscaras de tecido, produto que não faz parte do portfólio da marca. Criamos então o projeto máscaras, pensado com uma margem de retorno que apenas viabilizaria a operação, além de proporcionar a realização de mais uma ação social de doação de cestas básicas”, disse a marca em nota.

A empresa explicou que no lançamento, realizado na terrça-feira (5), ouviu a opinião pública. “Decidimos então suspender a venda do pack e entendemos que é um momento de repensar o projeto. Independente disso, continuaremos com nossa ação social iniciada em abril de produzir e doar 50 mil máscaras hospitalares para profissionais de saúde”.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.