O que Marcus Lemonis pensa sobre empreender no Brasil?

Empresário e investidor do programa de televisão “O Sócio” falou ao Do Zero Ao Topo sobre as oportunidades e desafios para criar negócios no país

Mariana Fonseca

Publicidade

SÃO PAULO – O libanês Marcus Lemonis foi adotado por um casal que morava nos Estados Unidos quando tinha apenas nove meses de idade. A experiência de trabalhar na loja de automóveis da família levaria Lemonis a criar negócios como a companhia de trailers Camping World – e a atingir uma fortuna de US$ 500 milhões, segundo a Forbes.

Hoje, Lemonis é também investidor no programa televisivo O Sócio há mais de oito anos. Foram milhões de dólares investidos em diversos negócios dos Estados Unidos para melhorar seus processos, produtos e pessoas. Mas o que Lemonis acharia de empreender no Brasil?

“Se você realmente estuda o mundo, entende que as oportunidades de crescimento no Brasil são fenomenais. Nesse quesito, o Brasil está no top 10 de mercados a serem observados, sem nenhuma dúvida”, refletiu Lemonis ao Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, durante uma coletiva de imprensa para anunciar a oitava temporada de O Sócio, transmitida a partir de 21 de fevereiro no canal de televisão History Channel. Veja um trecho da coletiva no vídeo acima.

Continua depois da publicidade

Mesmo assim, existem diversos pontos de melhoria. Lemonis afirma desconhecer o tamanho da regulação para criar e conseguir recursos para negócios brasileiros, na comparação com negócios americanos. E relatórios mostram que de fato existe uma grande diferença em termos de burocracia. O Doing Business 2020, estudo do Banco Mundial que mede a facilidade de se fazer negócios em diversos países, colocou o Brasil na 124ª posição. Os EUA ficaram na 6ª posição.

Um conselho de Lemonis especificamente para empreendedores brasileiros é investir em encontrar novas formas de entregar produtos aos consumidores (logística) e em um bom software de relacionamento com o consumidor (CRM). “Fiz alguns estudos sobre o mercado brasileiro que mostravam como o país ainda estava um pouco atrás na adoção de tecnologia para supply chain e para administração de dados dos consumidores.”

Conselhos a empreendedores do mundo todo

Na seleção de negócios para participar de O Sócio, Lemonis afirma que leva em consideração quais empresas podem ensinar lições para empreendedores em qualquer lugar do mundo. O empresário e investidor compartilhou alguns desses ensinamentos na coletiva de imprensa.

Continua depois da publicidade

O primeiro conselho dado por Lemonis vem de sua própria experiência como investidor: nem todas as apostas renderam bons frutos. E nem todos os frutos se traduzem em dinheiro no bolso.

“Como dono ou futuro dono de negócio, é importante saber que nem toda decisão que você tomar dará certo. Para mim, tudo bem deixar as pessoas verem meus erros e acertos”, disse o empresário. “Minha definição de sucesso não é exclusivamente econômica. O negócio ou as pessoas que estão nele estarem se desenvolvendo é igualmente importante.”

Lemonis também destacou que os investimentos que deram certo foram em negócios que tinham integridade. “Eles não necessariamente entendiam todas as partes envolvidas no seu negócio, mas operavam com consciência e valores. Eles sabiam tomar boas decisões e tratavam seus funcionários e consumidores do jeito certo. Quando você não vê essas características, pode colocar seu dinheiro numa mesa de vinte-e-um e apostar que o negócio não vai funcionar, inclusive para mim.”

Continua depois da publicidade

Um terceiro conselho aos empreendedores é saber que ter um negócio é um risco, e que paixão será fundamental para seguir em frente. “Você precisa ter um plano e os primeiros recursos financeiros. Mas também precisa fazer algo pelo qual é apaixonado. A pandemia do novo coronavírus nos mostrou que as pessoas não vão mais fazer algo de que não gostem.”

Nos Estados Unidos, foram 5,4 milhões de pedidos para criação de empresas em 2021. O número ultrapassou os 4,4 milhões pedidos de 2020, que tinham sido um recorde. “As pessoas acreditaram mais nelas e na tecnologia como uma forma de construir negócios. Talvez não exista hora melhor para começar a empreender. Mas as lições permanecem as mesmas: você tem que contratar pessoas ótimas, ter processos definidos, vender um produto de que as pessoas realmente precisem e conhecer sua competição.”

Para os próximos anos, Lemonis refletiu que existe uma tendência de incentivar pequenos negócios, reforçada com a volta das atividades presenciais após o pior período da pandemia. Ainda assim, o empresário deu como último conselho manter os canais digitais de comunicação.

Continua depois da publicidade

“Você pode ter uma floricultura, um restaurante, uma padaria, uma loja de bicicletas ou uma empresa de mecânica. Não importa quão pequeno seja seu negócio: tecnologia é imprescindível. Você precisa de uma maneira de se comunicar com os consumidores que não dependa do presencial”, afirma.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.