O que faz a startup de inteligência artificial aplicada na indústria que chamou a atenção de fundo da CSN

Startup que desenvolve soluções para a indústria é reconhecida por uma tecnologia que faz um controle inteligente de processos contínuos

Wesley Santana

i.Systems foi fundada por três engenheiros da Unicamp. Foto: Divulgação

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A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou, nesta quinta-feira (15), um aporte na i.Systems, uma startup especializada na aplicação de Inteligência Artificial para indústrias. A rodada de investimentos foi liderada pelo Inova Venture, braço de Corporate Venture Capital da gigante do aço.

A transação, que não teve valor divulgado, veio na esteira da parceria que as empresas já mantêm há alguns anos, e surge como forma de posicionar a siderúrgica no cenário da indústria 4.0. Este é o oitavo investimento do CSN Inova Ventures, fundado há cerca de dois anos.

A i.Systems foi fundada em 2007 por três estudantes de Engenharia da Computação da Unicamp (Universidade de Campinas). A empresa apostou em um setor que ainda estava distante da inovação tecnológica e logo se aliou a grandes players do mercado fabril.

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“O começo foi bastante desafiador, porque ficamos quatro anos desenvolvendo um produto, mas fizemos nossa primeira instalação na Coca-Cola, controlando o envase de refrigerantes” lembra Igor Santiago, cofundador da indtech. Com um software desenvolvido pelos profissionais, o desperdício de líquido caiu de 5ml por garrafa para 0,5ml.

Passados alguns anos, já com sua tese testada e aprovada, a empresa conseguiu outros grandes clientes, como Ambev que viria a se tornar sócia da companhia. Agora, além de sistemas paralelos, a indtech é reconhecida pela tecnologia apelidada de LEAF, uma plataforma que usa inteligência artificial para controle avançado de processos, fazendo com que seus equipamentos funcionem sempre dentro das condições operacionais ideias definidas pela empresa. Em suma, significa menor variabilidade nas etapas industriais o que, por sua vez, gera menos erros e maiores economia e eficiência. 

“O LEAF é uma tecnologia exclusiva e patenteada em diversos países, com ganhos comprovados na CSN e potencial de escala pensado por um time com expertise no setor e capacidade para desenvolver novos produtos”, destaca Eduardo Gebara, da equipe de investimentos da Inova Ventures.

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Segundo a CSN, a estratégia em adquirir a i.Systems se sustenta na busca do grupo por recursos que usam inteligência artificial, internet das coisas e análise de dados no setor industrial. A companhia quer escalar o negócio e torná-lo ainda mais rentável.

Novos produtos em 2023

Ao InfoMoney, Igor adianta que a startup já vem trabalhando para lançar novos serviços no mercado no curtíssimo e curto prazo. Para o ano que vem, o foco está em um software de otimização de estoques -voltado para médias indústrias- que tem o objetivo de ajudar as empresas a prever demandas, reduzir custos de logística e evitar desperdícios.

“É importante que as empresas decidam onde vão estocar seus produtos, especialmente por causa da malha viária brasileira. Então, controlar o fluxo de mercadoria evita tanto a falta quanto o excesso em determinados lugares, ainda mais quando são perecíveis. Queremos que ele seja o primeiro parceiro de inteligência artificial para as indústrias médias brasileiras”.

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CSN de olho no mercado

O fundo CSN Inova Venture foi criado em 2020, com o objetivo de aportar até R$ 30 milhões em soluções inovadoras nos três anos seguintes. A ideia era que os recursos individuais ficassem na faixa entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões, conforme antecipou Felipe Steinbruch, responsável pela gestão do hub.

Só neste ano, o CVC assinou ao menos dois cheques, sendo o primeiro para uma startup israelense que tem a promessa de baratear a produção de hidrogênio verde. A H2Pro participou de uma rodada de investimento série A de US$ 75 milhões, que teve participação de diversos investidores, entre eles o Breakthrough Ventures, de Bill Gates.

Outra operação da Inova Ventures foi na Oico, que funciona como um marketplace da construção. Junto com Valor Capital e Tiger Global, a startup levantou R$ 30 milhões para avançar no seu mercado digital.