O investidor que ganhou R$ 1 bilhão em um dia com a Eletrobras

Dono do inexpressivo Banco Clássico, José João Abdalla viu sua fortuna disparar de R$ 5,6 bilhões para R$ 6,6 bilhões

Lara Rizério

(Eletrobras)

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SÃO PAULO – Esta semana na bolsa brasileira ficará marcada pela disparada homérica de quase 50% das ações ordinárias da Eletrobras (ELET3) na última terça-feira (24), na esteira da proposta do governo de privatização da companhia elétrica. Os papéis preferenciais classe B (ELET6) subiram menos – mas ainda assim saltaram 32% na sessão. E muitos acionistas comemoraram a disparada da companhia elétrica nesta semana.  

Quem encheu o bolso e viu sua fortuna disparar em um R$ 1 bilhão em apenas um dia foi o dono do Banco Clássico, José João Abdalla, conhecido como Juca Abdalla, de 71 anos. Maior acionista minoritário individual da Eletrobras, ele tem 12,53% dos papéis ordinárias da estatal – sua fortuna passou de R$ 5,6 bilhões para R$ 6,6 bilhões de um dia para o outro. 6,32% da participação na companhia está alocada em nome do banco Clássico, e os 6,21% restantes pertencem ao Fundo de Investimento em Ações Dinâmica Energia, administrado pelo banco e que investe em papéis de empresas do setor de energia. 

O banco Clássico é pouco expressivo no setor, não possui agências ou correntistas e sua sede é um escritório no centro da cidade, com poucos funcionários. A instituição, por sinal, tem como único cliente o próprio Abdalla, que se transformou num dos maiores investidores em bolsa no Brasil. 

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Abdalla é filho de João José Abdalla, que fundou um império com atuação nos segmentos imobiliário, de material de construção e têxtil no século passado.  O pai de Juca, por sinal, era visto como era uma figura polêmica, conforme destaca matéria do Valor Econômico. Deputado federal entre 1946 e 1948, durante o governo Dutra, adquiriu na década de 1950 a companhia de cimento Portland de um grupo canadense. Depois dela, expandiu seu grupo para outros ramos. 

O pai de Juca chegou a responder a mais de 500 processos por irregularidades empresariais, crimes contra a economia popular e das leis trabalhistas, foi preso várias vezes e teve seus bens e empresas confiscadas na década de 1970 para pagar suas dívidas com os poderes públicos. Ele não pagava impostos. 

Além do herdeiro de João José Abdalla, outros acionistas se beneficiaram com a alta dos papéis na sessão de terça-feira. O fundo 3G Radar, que tem como principais sócios o trio de bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que possui uma participação de 5,14% em ações ELET6, viu um ganho de R$ 78 milhões na sua posição de segunda para terça-feira. 

Enquanto isso, a União se consagrou como a grande beneficiária do movimento da última segunda-feira. Dona de 63% do capital da companhia de energia, a União viu sua posição se valorizar cerca de R$ 3,8 bilhões. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.