O dia seguinte: o que esperar do 1º Vale Day após a tragédia de Mariana?

Empresa não poderá mais contar com a Samarco, mas cenário base do Credit Suisse não espera que a Vale precise desembolsar recursos para assumir as dívidas da joint venture

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Desde a tragédia do dia 5 de novembro, quando as barragens da mineradora Samarco se romperam em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), as ações da Vale (VALE3; VALE5) só caíram na Bovespa. Foram 23,9% de queda para as ações ordinárias e 23,3% de desvalorização para as preferenciais. No Vale Day desta terça-feira, 1º de dezembro, será o dia da empresa mostrar ao mercado o que os analistas e investidores podem começar a esperar daqui para frente.

Em relatório do Credit Suisse, os analistas Ivano Westin, Renan Criscio e Ana Zinser, dizem já esperar que os resultados consolidados da Vale, que é controladora da Samarco, sejam impactados pelo desastre ambiental, social e humanitário. Eles projetam agora que o guidance da produção de minério de ferro para 2016 fique em 370 milhões de toneladas, estável na comparação anual e menor do que as 376 milhões de toneladas do guidance anterior. Para 2017, o guidance deve ficar em 376 milhões de toneladas, vontra as 411 milhões de toneladas esperadas antes. 

“Nós revisamos a nossa assunção base para nenhuma entrada de ativos pela Samarco em 2016 e 2017, assumimos uma gradual recuperação da produção da Samarco a partir de 2018 e esperamos uma normalização das vendas de minério de ferro da Vale em 412 milhões de toneladas em 2019”, explica o relatório. O cenário base projetado pelo banco, no entanto, não leva em conta qualquer desembolso da Vale para ajudar a Samarco a pagar multas devidas pelo impacto ambiental e social do acidente de Mariana. “Nós assumimos em nosso caso base que a Samarco vai conseguir pagar sozinha todos os requisitos de capital”. 

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Eles ainda mantiveram a estimativa do Capex (investimento em bens de capital) da empresa em US$ 6 bilhões em 2016, US$ 5,3 bilhões em 2017 e US$ 4,5 bilhões em 2018, assumindo que a Vale libere US$ 3 bilhões através do projeto de Moatize em Moçambique e mais US$ 500 milhões em desinvestimentos em até 11 embarcações. “Com o Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações, na sigla em inglês) em linha com o Capex e nossas expectativas de nenhum dividendo pago em 2016, nós acreditamos que o senso de urgência da Vale para desinvestimentos tenha caído, especialmente se o cenário base for igual ou superior às estimativas do CS (Credit Suisse)”, afirmam. 

O Credit também afirmou trabalhar com um cenário em que a tonelada do minério de ferro opere, em média, a US$ 45 entre 2016 e 2017. 

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