O apetite de R$ 220 milhões da Sinqia (SQIA3) por aquisições 

Empresa de tecnologia para o sistema financeiro está em seu quarto ciclo de M&A, com R$ 650 milhões já investidos 

Rikardy Tooge

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A Sinqia ( SQIA3) está insaciável. A empresa que fornece soluções tecnológicas para o sistema financeiro segue de olho em mais aquisições para completar seu portfólio – e caixa não falta para isso.

O diretor de estratégia e M&A da Sinqia, Filipe Bodenmuller, afirma que a companhia tem cerca de R$ 220 milhões para ir às compras. O monitoramento para potenciais investidas está a todo vapor, mas a empresa prefere não criar expectativas de quando mais um negócio vai pintar em sua lista.

“Estamos em um mercado difícil. Em 2020 e 2021, observamos uma irracionalidade nos valuations e preferimos fechar deals que estavam em andamento antes da pandemia. Neste ano, começamos a ver a normalidade voltar ao mercado e reabrimos algumas conversas”, afirma o executivo ao InfoMoney.

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De 2019 até agora, a empresa captou cerca de R$ 760 milhões em dois follow-ons para seguir comprando outras empresas – neste ano, a Sinqia levantou mais R$ 100 milhões em debêntures. Essas operações marcaram o início do quarto ciclo de investimentos da companhia, e R$ 650 milhões já foram investidos na compra de pelo menos dez empresas, sendo a aquisição da NewCon, voltada a consórcios, a maior delas – a transação movimentou R$ 420 milhões em 2021.

Comprando e crescendo

A tática do crescimento inorgânico não é trivial para a companhia. Fundada em 1996 sob o nome de Senior Solution, a empresa fez sua primeira compra em 2005 e outras quatro antes da abertura de capital. Após o IPO, em 2013, a Sinqia pisou no acelerador e comprou mais 18 empresas até este ano, com quase R$ 1 bilhão investido no total.

“O que nós percebemos desde o início é que o nosso setor era fragmentado e que havia espaço para um consolidador oferecer uma solução única para o sistema financeiro”, explica Bodenmuller.

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Neste ano, a Sinqia comprou a Lote45, de gestão de riscos, em janeiro. De lá para cá, houve um intenso trabalho de integração das novas empresas ao grupo.

“A consolidação [das aquisições] está praticamente feita, mas podemos projetar que as sinergias – como adicionar as novas soluções no portfólio dos nossos clientes – deverão render mais frutos nos próximos trimestres”, prevê o diretor de estratégia e M&A da Sinqia.

Filipe Bodenmuller, diretor de M&A da Sinqia: apetite por aquisições, mas com valuations 'racionais' (Divulgação)
Filipe Bodenmuller, diretor de M&A da Sinqia: apetite por aquisições, mas com valuations ‘racionais’ (Divulgação)

E a captura de sinergias já é perceptível nos resultados da companhia. Nos 12 meses até setembro deste ano, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) da Sinqia foi de R$ 135,3 milhões, crescimento de 128,7% em relação a igual período de 2021. A receita líquida avançou 81% no mesmo comparativo, para R$ 554,6 milhões.

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Para além do backoffice

O core da operação da Sinqia são os softwares utilizados na operação de bancos, fundos, consórcios e outras instituições do sistema financeiro. São produtos que exigem extremo cuidado, uma vez que qualquer problema pode afetar a vida dos clientes finais dessas empresas.

Apesar disso, o grande público não conhece as soluções oferecidas pela Sinqia – ainda. A estratégia agora é começar a avançar na cadeia de fornecimento, acoplando soluções mais ligadas ao dia a dia da ponta da cadeia.

“Nosso cofundador [Luciano Camargo] foi feliz quando definiu que queremos sair da ‘cozinha’ para a ‘vitrine’ do restaurante. Para ilustrar isso, nós enxergamos potencial de fazer este movimento com a solução QuiteJá, que atua na recuperação de crédito ou em serviços de ‘onboarding’ e assinatura digital”, prossegue Bodenmuller.

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Outros setores que a empresa vê com bons olhos, mas ainda não se aventurou é o de cibersegurança e o de soluções mais aprofundadas ao mercado de criptoativos.

SQIA3 na Bolsa

A Sinqia é uma das poucas empresas que tem resistido relativamente bem ao sobe e desce da B3 em 2022. No pregão desta terça-feira (22), a ação da empresa fechou em queda de 1,34%, a R$ 16,15. No ano, os papéis operam em queda de 1,89%.

No último trimestre, encerrado em setembro, o lucro líquido atribuído aos acionistas da Sinqia foi de R$ 2,7 milhões, queda de 8,6% em relação ao 3T21. Já a receita líquida registrou recorde de R$ 159,5 milhões no trimestre, alta de 73,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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O Ebitda ajustado atingiu o recorde de R$ 40,8 milhões no trimestre, alta de 145,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, resultando numa Margem Ebitda ajustada de 25,6%, 7,5p.p. superior ao registrado no 3T21 – margem considerada alta para uma empresa de software.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br