Noticiário deve pautar desempenho das ações do Pão de Açúcar, diz analista

Desconfianças à parte, Casino, Pão de Açúcar e Carrefour devem iniciar processo complexo de negociação que pode criar gigante

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SÃO PAULO – Nesta manhã, investidores foram surpreendidos com a confirmação da proposta de aquisição do Carrefour Brasil pelo Pão de Açúcar (PCAR4), contrariando declarações recentes de Abílio Diniz e direcionando as atenções do mercado para o comportamento das ações do grupo varejista.

Para a analista Juliana Monteiro, da Ativa Corretora, a palavra de ordem é insegurança, especialmente ao redor do que o Casino, parceiro do Pão de Açúcar, pode ou não fazer no momento.

Dessa forma, “a oscilação das ações deve ficar ao sabor dos pronunciamentos oficiais de ambas as partes”, explica Leonardo Zanfelicio, da Concórdia Investimentos, que ainda vê as informações disponíveis insuficientes para crivar um prognóstico sobre o desfecho do caso.

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Negociações
Zanfelicio acredita que terá início agora um complexo processo de negociações entre Carrefour, Pão de Açúcar e Casino, no qual o Casino pode barganhar um aumento de participação no chamado Novo Pão de Açúcar. 

Segundo ele, apesar dos conflitos com a família Diniz, é remota a possibilidade do Casino querer deixar as operações junto ao Pão de Açúcar, o que já foi sinalizado através do recente aumento de participação no grupo. Com isso, as circunstâncias permitem ao Casino negociar as condições para ampliar sua fatia no grupo para permitir que o negócio seja concretizado.

Em suma, o comportamento das ações deve acompanhar as informações divulgadas nos próximos dias sobre as negociações em curso, especialmente as que envolvem o Casino.

Confiança
Como fica a confiança no bloco de controle após as declarações desmentidas? Frente à esta questão, Juliana e Zanfelicio são enfáticos: os investidores deverão olhar mais para o potencial de lucro da fusão do que para o risco de governança.

Os analistas explicam que a operação pode criar um gigante do setor varejista, com potencial significativo de ganhos de sinergia e escala sem precedentes, envolvendo outros sócios de peso como BNDESPar e BTG Pactual, ofuscando assim o risco de confiança no bloco controlador.

E o Cade?
O risco jurídico é outro possível ponto de interrogação para o mercado, principalmente após as recentes objeções do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no caso Brasil Foods (BRFS3).

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Porém, Zanfelicio faz questão de mitigar este risco, lembrando que o no caso do setor varejista há enorme pulverização do mercado, no qual, uma eventual fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar, mesmo criando um gigante, abocanharia cerca de apenas 27% do mercado.