Nome de Bendine decepciona e representa mais uma indicação política na Petrobras

Novo presidente da Petrobras é um pouco mais do mesmo, sem tantas mudanças em relação à Graça Foster, afirma analista

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O nome de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras (PETR3;PETR4) não é bem visto pelo mercado, nem se acontecesse de forma temporária. É a avaliação de diversos analistas, que consideram “decepcionante” a indicação de Bendine para a presidência.

“O nome de Bendine representa uma regressão nas perspectivas de transparência na companhia”, destaca o analista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, em um momento que é preciso restaurar a confiança das agências de classificação de risco.

Para o analista, Bendine é um pouco mais do mesmo, sem tantas mudanças em relação à Graça Foster: “é um nome melhor que Graça Foster, já que ela enfrentava uma grande pressão no cargo, mas não é um nome bom na visão do mercado. Esta é mais uma indicação política do governo”. Pereira deu a declaração antes da oficialização do nome de Bendine para o cargo. 

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O novo presidente da Petrobras pode ser mais submisso ao governo brasileiro e, assim, fazer com que o mercado desconfie sobre como será feito o relatório com as perdas contábeis. Cabe lembrar que o “estopim” para que Graça Foster saísse da Petrobras seria a divulgação das possíveis perdas contábeis de R$ 88,6 bilhões, o que teria irritado Dilma Rousseff, já que teria dado a impressão de que todo esse montante se referia à corrupção. 

Vale ressaltar que Bendine tem sido fiel ao PT. Com quase 40 anos de carreira dentro do Banco do Brasil (BBAS3), onde ingressou como menor estagiário em 1978, assumiu o maior banco da América Latina em abril de 2009 – quando Luiz Inácio Lula da Silva era o presidente da República e Guido Mantega o ministro da Fazenda – para alinhá-lo à nova política econômica que estava sendo implementada naquele momento.

A ideia foi baixar os juros para incentivar o consumo no momento em que o mundo vivia uma das priores crises financeiras da História. E foi o que o BB fez por muito tempo, inclusive no governo da presidente Dilma Rousseff, iniciado em 2011. 

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(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.