Nasce gigante de R$ 22 bi no setor de educação: o que esperar das ações da Kroton?

Em coletiva com a imprensa, presidente da Kroton disse que espera com a fusão sinergias de R$ 300 milhões, que devem ser completamente capturadas em até três anos

Paula Barra

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SÃO PAULO – Passado quase um ano e três meses do anúncio, finalmente saiu a tão esperada aprovação dos acionistas para a conclusão da megafusão entre Kroton (KROT3) e Anhanguera (AEDU3). O acordo havia sido selado em 2013, mas dependia do aval dos investidores. Com o sinal verde, as ações da Anhanguera deram hoje seu adeus à Bovespa, sendo então incorporadas pela Kroton.

Em coletiva de imprensa realizada nesta tarde, o presidente das empresas de educação, Rodrigo Galindo, apontou que o grande desafio a partir da aprovação é continuar mudando a vida das pessoas por meio de uma educação de qualidade. “A aprovação da fusão é um marco na história da educação brasileira. Queremos insipirar pessoas a acreditar que o acesso ao ensino está mais próximo”, disse. 

A união levará as empresas a um patamar ainda mais alto. A fusão cria a maior companhia do setor de educação superior do mundo, com valor de mercado de R$ 22 bilhões – muito à frente da segunda colocada, a chinesa New Oriental. As duas empresas têm juntas uma base de 1,5 milhão de alunos, sendo desses 990 mil de graduação e 78 mil de pós-graduação. Segundo o executivo, Kroton e Anhanguera devem gerar sinergias na ordem de R$ 300 milhões, sendo que 20% desse montante serão capturados em até um ano, 60% em até dois anos e o restante no terceiro ano após a fusão. 

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De acordo a empresa, todas as atuais operações serão preservadas no momento, com exceção daquelas impostas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em maio, que inclui a venda do negócio de ensino à distância da Uniasselvi e também de duas unidades de cursos presenciais localizadas nas cidades de Indaial e Timbó, em Santa Catarina. Segundo Galindo, a empresa já recebeu algumas propostas tanto de investidores estrangeiros quanto nacionais, mas ainda em caráter informal, pela Uniasselvi. “O que eu garanto é que, pelos indicativos, o processo será bastante competitivo”. O acordo fechado com a autarquia também estabeleceu a venda dos campi de cursos  presenciais da Anhanguera em Cuiabá e Rondonópolis, no Mato Grosso.

Com a fusão, a companhia terá somente o nome Kroton e vai incorporar a Anhanguera em seu portfólio de marcas. A Kroton seguirá listada no segmento Novo Mercado da Bovespa, com Galindo na presidência executiva e Gabriel Rodrigues, da Anhanguera, no comando do conselho de administração. “A Kroton fica como a marca corporativa, listada em Bolsa, e a Anhanguera aparece como a principal marca de nosso portfólio”, explicou Galindo. A partir de amanhã, quando as ações da Anhanguera deixam de fazer parte da Bovespa, os acionistas da Kroton receberão 65% da empresa resultante e os acionistas da Anhanguera os 33,5% restantes, segundo acordo de troca aprovado hoje.

Desde 2007 na Bolsa, as ações da Anhanguera subiram mais de 160% desde o seu IPO (Initial Public Offering). E, do anúncio da fusão (abril do ano passado) até agora, avançaram 70%, enquanto os papéis da Kroton registram alta superior a 150%. 

Nesta quinta-feira, a Kroton também anunciou R$ 483 milhões em dividendos intermediários que começarão a ser pagos a partir de 21 de julho até 30 de setembro, apenas aos acionistas da companhia detentores do papel neste pregão. Já a Anhanguera, aprovou distribuição de R$ 52 milhões em dividendos extraordinários, que serão pagos em 15 de julho. 

(Com Reuters)