Na trilha para os R$ 600 milhões de receita, Grano compra a Gerônimo

Empresa de vegetais congelados reforça tese para a produção de alimentos para os “flextarianos”

Rikardy Tooge

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A Grano Alimentos deu mais um passo para atingir a meta de ultrapassar o meio bilhão de faturamento até 2025. A empresa anuncia nesta terça-feira (13) a compra da Gerônimo, startup produtora de alimentos plant-based, como hambúrgueres de grão de bico e quibe de berinjela. O valor da transação não foi divulgado.

A Grano, empresa que deverá faturar R$ 350 milhões neste ano e é especializada na produção de legumes congelados para o food service, investe pela segunda vez em um curto espaço de tempo no segmento plant-based  – após um boom e um declínio da tese de alimentos veganos similares à carne –, a outra aquisição foi da marca Mr.Veggy, no ano passado.

A Beyond Meat (BYND), uma das expoentes da tese, perdeu quase 50% de valor de mercado em um ano. Grandes frigoríficos, a exemplo de JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3), também investiram, mas a estratégia perdeu tração se comparado ao auge do movimento, em meados de 2021.

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“A diferença é que é um produto core para nós. Somos uma empresa plant-based na essência e não temos a intenção de ser um similar da carne, como vimos nos últimos anos. Também entendemos que não precisamos focar apenas nos veganos, mas, sim, em quem gosta de comer bem. Digo que estamos buscando os ‘flextarianos’ [carnívoros que também consomem pratos veganos]”, explica Fernando Giansante, CEO da Grano, ao InfoMoney.

Fernando Giansante, CEO da Grano Alimentos (Divulgação)
Fernando Giansante, CEO da Grano: aquisição deve destravar mais receitas dos produtos à base de plantas (Divulgação)

Fundada em 2015, a Gerônimo fornece alimentos congelados para marcas próprias de algumas varejistas, como a linha Carrefour Veggie. Roberto Pasqualoni, antigo CEO da Gerônimo, seguirá como diretor de plant-based da Grano.

Com a chegada da startup em seu portfólio, a expectativa é de que a vertical de alimentos plant-based responda por R$ 50 milhões do faturamento da Grano até 2025, cerca de 10% da receita esperada pela companhia no período, de R$ 600 milhões.

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Além da tese voltada aos flextarianos, a companhia enxerga outra avenida de crescimento nas exportações de vegetais congelados, após obter as certificações necessárias para vender a grandes mercados consumidores, como o dos Estados Unidos e da Europa.

Fundada há 22 anos na cidade gaúcha de Serafina Corrêa, a Grano Alimentos possui 41% da participação de mercado de vegetais congelados e é fornecedora para marcas próprias de grandes empresas – o grupo tem menor atuação na venda ao consumidor direto. A Grano saiu de um faturamento de R$ 80 milhões em 2018 para algo em torno de R$ 350 milhões até o fim deste ano.

Controlado pelo fundo Arlon, da gestora americana Conti, há quase 10 anos, a empresa vê potenciais para avançar no mercado de capitais, embora ainda entenda que uma oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) como algo distante.

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“Estamos abertos a ouvir o mercado de capitais, temos um pipeline de investimentos e uma perspectiva crescimento muito sólida. Nosso controlador não tem mandato de venda, mas há possibilidade de unirmos forças com outros investidores para avançar mais rápido”, afirma Giansante.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br