Mudança no bloco de controle da Usiminas gera visões divergentes entre corretoras

Após anúncio, Concórdia elevou sua recomendação para compra; já Bradesco e Ativa demonstram cautela com tag along

Paula Barra

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SÃO PAULO – O anúncio da entrada da entrada da Ternium no bloco de controle da Usiminas (USIM3, USIM5) gerou visões divergentes entre as corretoras. Mais otimista, a Concórdia elevou para compra sua recomendação para as ações preferenciais da siderúrgica. Já as corretoras Ativa e Bradesco demonstram maior cautela em relação ao desempenho futuro desses papéis na bolsa.

“O deal deve trazer menos benefícios operacionais do que por exemplo se ocorresse com um parceiro como a Gerdau (GGBR4)”, avalia a analista Daniella Maia, da Ativa. Segundo a Ativa, a empresa seria mais beneficiada se fosse um parceiro com o qual extraísse maiores sinergias, inclusive com os negócios de minério.

Outro ponto levantado pela analista da Ativa foi que, dada a necessidade de placas para a produção da Ternium nos próximos anos, a corretora acredita que a Usiminas possa ser o veículo para tal expansão, o que poderia ser negativo em relação ao retorno para o acionista.

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“Embora o investimento tenha que passar pelo crivo da Nippon Steel, as partes já podem ter chegado a um consenso prévio sobre o assunto”, antecipou Daniella. Contudo, o presidente da Usiminas, Wilson Brumer, disse em teleconferência realizada na véspera que não projeta produzir placas.

Entrada da Techint é muito positiva, diz Concórdia
Por sua vez, o analista Leonardo Zanfelício, da Concórdia defendeu que a entrada do Grupo Techint é muito positiva para a companhia, “pois deverá agregar valor a Usiminas, visto que estas empresas são focadas no segmento siderúrgico direta ou indiretamente”. Além disso, a entrada do novo sócio deverá contribuir muito para o negócio da empresa no médio prazo, complementou Zanfelício.

Além de ver como positivo o comunicado da companhia, o analista da Concórdia ainda alterou sua recomendação de manutenção para compra das ações preferenciais da empresa, apesar do cenário ainda desafiador para a empresa no curto prazo. O preço-alvo de USIM5, de R$ 14,83, representa um potencial de valorização de 36,06% em relação à cotação de fechamento da última segunda-feira (28).

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O dilema chamado “tag along”
Um ponto que foi colocado em discussão pelos analistas refere-se ao direito de tag along sobre as ações USIM3. Na teoria, uma mudança do controlador majoritário atribui aos detentores das ações com direito a voto o recebimento de pelo menos 80% do valor oferecido pelo novo acionista controlador – no caso, o valor ofertado foi de R$ 36 por ação, o que equivale a R$ 28,80 por ação.

Contudo, conforme explicam os analistas, embora a Techint tenha adentrado no bloco controlador da Usiminas, não houve uma mudança de fato no controlador majoritário, que permanece sendo a Nippon Steel. Do total de ações ON da Usiminas no mercado, a Nippon possui 29,45% delas, contra 27,66% da Techint.

“Não está muito claro que haverá direito de tag along [aos acionistas da empresa]”, escreve em relatório do Bradesco o analista Raphael Biderman. O próprio presidente da Usiminas disse durante a teleconferência da véspera que essa operação não aciona o direito ao tag along. Em meio a esse dilema, os papéis USIM3 vêm acumulando forte desvalorização desde a sessão anterior.

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Recomendações
O Bradesco manteve recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para as ações da Usiminas, embora ainda enxergue riscos para o setor de aço no Brasil, ressaltou Biderman. Além disso, a corretora permaneceu com preço-alvo de R$ 13,00 para as ações PNA e R$ 15,50 para os papéis ON. Os targets configuram em um upside de 19,27% para a primeira e um downside de 18,42% sobre a segunda.

Por sua vez, a Ativa reiterou call de manutenção para os papéis PN, com target de R$ 18,60 para junho de 2012, o que implica um potencial de valorização de 70,64% em relação ao último pregão.