Moody’s rebaixa rating da Vale para Ba1 com elevação dos riscos de crédito após rompimento de barragem

Ainda não está clara a extensão total dos impactos negativos na mineradora, aponta a agência de classificação de risco

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou de Baa3 para Ba1 os ratings da Vale (VALE3). Com isso, a empresa perdeu o grau de investimento.

A perspectiva para a nota é negativa e incorpora as incertezas sobre o montante e o prazo dos futuros desembolsos de caixa relacionados ao acidente. Além disso, também reflete os riscos das investigações em andamento sobre as causas e responsabilidades do acidente.

A Moody’s explica que o rebaixamento reflete a elevação dos riscos de crédito após o colapso da barragem de rejeitos em Brumadinho (MG) e as consideráveis incertezas associadas ao impacto total e implicações de longo prazo do desastre social e ambiental sobre o perfil de crédito da Vale como um todo.

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Além disso, pesaram sobre a decisão a exposição significativa da mineradora a litígios e passivos financeiros que “provavelmente persistirão pelos próximos anos”.

“Embora a posição financeira robusta da Vale ofereça uma grande folga em relação aos potenciais impactos financeiros, o acidente eleva as preocupações dos pontos de vista social e de governança corporativa, uma vez que ocorreu um pouco mais de três anos após o colapso da barragem da Samarco”, escreve a Moody’s em comunicado. 

A Moddy’s reconhece que, após o acidente, a Vale demonstrou amplo esforço para oferecer assistência humanitária e auxílio financeiro emergencial aos afetados, bem como para reforçar o monitoramento e inspeção das barragens. Porém, a agência faz uma ponderação: “ainda não está clara a extensão total dos custos, reivindicações judiciais e litígios, bem como o impacto do acidente na reputação da Vale e no seu resultado operacional e financeiro”

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A Moody’s ressalva que os ratings podem ser estabilizados haja maior clareza sobre os custos e os passivos financeiros que podem impactar a Vale em consequência do acidente.

“Uma elevação dos ratings da Vale exige resultados positivos relacionados às ações judiciais e investigações, em conjunto com a manutenção de um sólido perfil de crédito sólido, liquidez e geração de fluxo de caixa positiva, suportados pela posição de liderança nos principais mercados de atuação e operações de baixo custo”, explica a agência. Também são critérios para a elevação as evidências de aprimoramento da supervisão da governança corporativa, da gestão de riscos e controle da companhia. Uma liquidez robusta também é condição necessária para uma elevação.

Por outro lado, os ratings da Vale podem ser rebaixados novamente se os custos finais relacionados ao desastre em Brumadinho ficarem materialmente acima das expectativas da Moody’s devido a penalidades, acordos, litígios e ações coletivas de valores mais elevados ou se as operações forem novamente interrompidas afetando substancialmente a geração de fluxo de caixa livre.