Mesmo após subir 156%, Via Varejo convence analistas com discurso de reestruturação

Levantamento mostra que 56% das casas de análise recomendam compra e apenas uma sugere venda do papel

Paula Zogbi

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Depois de saltar 156% no ano, sendo mais de 100% desde 14 de junho, quando mudou de mãos do antigo controlador GPA para a família Klein, a Via Varejo (VVAR3) parece ter convencido a maior parte das casas de análise de que seu plano de reestruturação ainda vai levá-la a voos mais altos.

Conforme levantamento da Bloomberg, nove entre 16 analistas recomendam compra do papel, ou 56,3% do total. Seis estão com recomendação neutra, ou de manutenção em carteira (37,5%) e apenas uma casa, o Goldman Sachs, recomenda venda.

Em seu primeiro investor day sob nova direção, na última terça (17), a empresa disse que já será lucrativa no quarto trimestre desse ano e seguirá assim nos próximos balanços. Para o ano que vem, espera aumento de dois dígitos na receita, crescimento de 30% em vendas totais (GMV) e margem Ebitda entre 5% e 7%.

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Tudo isso apoiado em um investimento muito acima do que foi usual nos últimos anos, entre R$ 700 e R$ 800 milhões, e abertura de 70 a 90 novas lojas, com foco nas regiões Norte e Nordeste. À imprensa, a empresa diz ter caixa e acreditar suficientemente no crescimento das vendas para não precisar recorrer a financiamento com uma nova emissão de ações. Assista à apresentação completa da empresa a investidores clicando aqui.

“Saímos do evento com a sensação de que a mudança está entrando em cena na Via Varejo e que o negócio continua a oferecer uma proposição de risco/retorno interessante”, escreveram os analistas do Itaú BBA, que renovaram a perspectiva de alta para o ano que vem para R$ 13, upside de 18,3% sobre o fechamento de terça. Assim como o Itaú, a Eleven Financial Research e o Citi elevaram a expectativa de preço após o Investor Day.

Embora ainda não tenha atualizado seu preço-alvo, a XP Research deve fazer isso em breve. “A expectativa de crescimento divulgada pela empresa está acima da nossa atual estimativa (principalmente para o canal online). Sendo assim, nós devemos atualizar as nossas projeções no tempo devido”, escreveu o analista Pedro Fagundes, reforçando percepção de que a reestruturação da companhia avança no sentido certo.

Quem não está convencido?

Com recomendação neutra, o UBS acredita que as iniciativas já postas em prática e que estão sendo aplicadas agora, incluindo a otimização de ativos já existentes e a nova estratégia de marketing, “devem ajudar a Via Varejo a ser mais competitiva”. Por outro lado, “a próxima fase, baseada em tecnologia, é mais complexa e mais importante para a sustentabilidade do negócio no longo prazo”, apontam os analistas.

“Achamos que a estratégia digital está na trajetória correta, mas não temos certeza se é tarde para a criação de uma nova plataforma líder”, diz o relatório A estimativa em 12 meses do UBS é de R$ 7,50 para o papel que fechou a terça-feira em R$ 10,99.

Já o Goldman Sachs, única recomendação de venda do radar Bloomberg, acredita que o momentum positivo gerado pela nova diretoria da companhia já está amplamente precificado.

“Acreditamos que parte dos benefícios da reestruturação podem ser ofuscados pela necessidade de reinvestimento por trás das estratégias digitais da companhia para diminuir o abismo frente aos líderes do e-commerce”, dizem os analistas em relatório atualizado após a apresentação dos executivos. A própria Via Varejo assume que seu e-commerce tem fricção considerável, especialmente no marketplace, e pretende criar e melhorar tecnologias nessa frente no próximo ano, bem como relançar todos os seus apps. O preço-alvo da casa de análise é de R$ 5,20.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney