Mercedes-Benz vai fechar um turno de fábrica de caminhões em SP por pelo menos 2 meses

A empresa afirmou que há vários motivos para a redução na produção, entre eles, queda na demanda, escassez de peças e juros elevados no país

Equipe InfoMoney

Linha de montagem de caminhão em fábrica da Mercedes-Benz (Foto: Divulgação)

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A fábrica de chassis de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP) vai reduzir de dois para um os turnos de produção a partir de maio, informou o sindicato local de metalúrgicos nesta quarta-feira.

A produção em turno único vai durar de dois a três meses, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

A  entidade destacou que a montadora já havia anunciado aos trabalhadores férias coletivas para 300 funcionários também no início de maio, além de semanas curtas de trabalho. A Mercedes-Benz conta com cerca de 8 mil trabalhadores na fábrica, sendo 6 mil na linha de produção, dos quais 2 mil no segundo turno.

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Segundo o sindicato, haveria vários motivos para a redução na produção, entre eles, queda na demanda, escassez de peças e juros elevados no país.

Segundo a entidade, a montadora divulgou aos trabalhadores um boletim sobre necessidade de redução do programa de produção para 2023 e adoção de turno único na fábrica.

Em nota enviada ao InfoMoney, a Mercedes Benz do Brasil informou que Brasil já previa uma queda do mercado interno de veículos comerciais em função da mudança de legislação ambiental. “Porém, no decorrer do 1º trimestre, em razão de juros elevados e de dificuldades na concessão de financiamentos, observou-se uma demanda ainda menor do que a esperada para este ano”, registrou.

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Diante disso, a empresa informou que, entre 3 de abril e 2 de maio, estão sendo concedidas férias coletivas parciais a colaboradores das fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG), além de semanas reduzidas de trabalho conforme necessidades das áreas.

A companhia disse ainda que está em tratativa com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC visando a adoção de turno único de trabalho na produção de caminhões por um período de 2 a 3 meses a partir de maio. “Todas essas alternativas estão sendo negociadas previamente com total transparência junto ao Sindicato dos Trabalhadores com o objetivo de buscar formas de gerenciar a queda de demanda, mantendo o nível de emprego”, informa a nota.

Vendas

Em 2022, houve um movimento no país de antecipação de compras de caminhões devido à transição da norma de emissões de poluentes para o padrão Euro 6. Segundo dados da associação de distribuidores de veículos, Fenabrave, as vendas de caminhões novos no Brasil caíram 7,3% em março sobre o mesmo mês do ano passado, para cerca de 9,4 mil unidades.

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“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros…para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor-executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, em comunicado à imprensa.

“Estamos já em um processo de negociação com a empresa para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessarmos esse período”, disse o dirigente.

(Com informações da Reuters)