“Medíocre” e “pechincha”: leilão de Libra tem lugar de destaque na imprensa mundial

Dentre as críticas mais contundentes, destaque para o Der Spiegel, que classificou o leilão como venda de tesouro como pechincha; WSJ já é menos agressivo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Para a maior parte dos leiloeiros, a concorrência de apenas um consórcio é vista como uma decepção. […] Mas não no Brasil”. É assim que o Financial Times inicia o seu texto para falar sobre o leilão de Libra, que foi visto como “medíocre” pela publicação britânica, no mais recente texto da imprensa internacional que tece críticas ao leilão do pré-sal. 

Conforme destaca o chefe da sucursal brasileira do jornal, Joe Leahy, há “algo errado com a formulação das políticas no Brasil”, afirma o texto, que destaca o resultado do leilão de Libra como “medíocre”. 

Leahy diz ainda que o entusiasmo do governo com o leilão, que foi classificado como um sucesso, pode ter sido em parte para esconder sua decepção. Contudo, o governo pode estar aliviado como o resultado medíocre. 

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Para Leahy, o alívio se deve à cláusula que exige um mínimo de “óleo lucro” para o governo, de 41,65%. Como a falta de concorrência aconteceu, foi ofertado o mínimo previsto no edital, o que foi positivo para a Petrobras (PETR3;PETR4). Caso a concorrência fosse maior, ela seria obrigada a oferecer algo mais generoso para o governo, o que pressionaria ainda mais a já endividada companhia. 

E compara ainda este dilema do leilão de Libra, com a concorrência desejada pelo governo se contrapondo à falta de fôlego da Petrobras, com outros dilemas do governo Dilma Rousseff. Dentre eles, a perspectiva de redução de inflação enquanto desvaloriza o real, o aumento dos gastos públicos e aumento da taxa de juros. “Até o governo não parece ser tão decidido sobre o que está realmente tentando fazer”.

Vale ressaltar que, nesta semana, o blog Beyond Brics, da mesma publicação, disse ironicamente que o leilão foi um sucesso, ressaltando que a grande má notícia é que o leilão não foi um desastre. Isso porque o governo estaria menos disposto a mudar a regulação para os próximos leilões do pré-sal.

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Leilão de libra é destaque na imprensa internacional
Com o artigo da véspera do FT, a publicação britânica se junta ao norte-americano Wal Street Journal e às revistas alemã Der Spiegel e britânica The Economist, que também teceram críticas ao resultado da disputa.

A The Economist classificou o resultado do leilão de Libra como decepcionante e que pode criar uma “armadilha” para a Petrobras ao obrigá-la a fazer parte de projetos que ela não participaria por conta própria. E ressaltou que “a falta de competição foi uma decepção após a euforia de seis anos atrás quando o presidente Lula, descreveu o pré-sal como um ‘bilhete de loteria premiado'”.

E a crítica mais contundente veio da Der Spiegel, afirmando que o Brasil leiloou um “tesouro por uma pechincha”, destacando a falta de competidores no leilão. Por outro lado, o Wall Street Journal foi menos crítico, afirmando que o Brasil “deu um grande passo a frente” ao leiloar o campo para um consórcio formado por multinacionais e pela Petrobras. 

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E destaca que o Brasil ainda é um importador de petróleo, e que os campos do pré-sal são bastante importantes para as aspirações do Brasil de se tornar exportador.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.