Mark Zuckerberg rejeita obrigação de decidir o que é verdade no Facebook

Nas últimas semanas, se intensificaram as críticas à postura do Facebook em relação a anúncios políticos

Bloomberg

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(Bloomberg) — O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que a rede social não verifica a veracidade dos anúncios políticos que veicula porque empresas de tecnologia não devem atuar como árbitros da verdade.

“Não acho que a maioria das pessoas queira viver em um mundo onde só se pode postar coisas que as empresas de tecnologia consideram 100% verdade”, declarou Zuckerberg na quinta-feira a um auditório lotado na Universidade Georgetown, em Washington.

“As pessoas devem ter a possibilidade de ver por si mesmas o que os políticos estão dizendo.”

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Nas últimas semanas, se intensificaram as críticas à postura do Facebook em relação a anúncios políticos. Joe Biden e Elizabeth Warren, ambos pré-candidatos à presidência dos EUA, exigem que a empresa remova anúncios com afirmações sem provas veiculados pela equipe de Donald Trump, que tenta se reeleger.

O Facebook se recusou a retirá-los e, ao fazer isso, trouxe à tona uma questão mais ampla, sobre a necessidade ou não de regulamentação desses anúncios nas redes sociais.

Zuckerberg admitiu na quinta-feira que já considerou proibir completamente os anúncios políticos em suas plataformas, mas que isso favoreceria os que já ocupam cargos.

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Os anúncios políticos representam uma parte pequena dos negócios da companhia. “Em uma democracia, acredito que as pessoas devem decidir o que tem credibilidade, e não as empresas de tecnologia”, disse ele.

A empresa não verifica a veracidade dos posts de políticos (incluindo anúncios) para não dar a impressão de que toma partido.

No começo deste mês, Warren aproveitou essa norma do Facebook e veiculou uma série de anúncios alegando que Zuckerberg estava apoiando a reeleição de Donald Trump — o que não é verdade.

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Warren, que tenta a vaga do Partido Democrata para concorrer à presidência, publicou a afirmação falsa para chamar atenção para a postura do Facebook, após a campanha de Trump veicular um anúncio acusando outro democrata, Joe Biden, de subornar autoridades na Ucrânia, sem qualquer prova.

“O Facebook optou por vender os dados pessoais dos americanos a políticos que pretendem focar neles usando mentiras já refutadas e teorias da conspiração, se sobrepondo às vozes dos trabalhadores americanos”, disse Bill Russo, porta-voz de Biden.

Por sua vez, Zuckerberg alertou que, se empresas de tecnologia e plataformas como o Facebook não lutarem para defender a liberdade de expressão, a internet no resto do mundo pode ficar como na China.

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Segundo ele, o governo chinês está montando uma versão censurada da internet e disseminando essa versão por meio dos serviços online mais populares do país.

Ele identificou o TikTok, rede social concorrente que pertence à Bytedance, como um desses serviços. De acordo com Zuckerberg, o TikTok censurou conteúdo relacionado aos protestos em Hong Kong.

“Até recentemente, a internet em quase todos os países a não ser a China foi definida por plataformas americanas com fortes valores de livre expressão”, disse o presidente do Facebook. “Não há garantia que esses valores vencerão.”

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Zuckerberg também usou o discurso de quinta-feira — promovido como uma conversa sobre a liberdade de expressão — para argumentar que o enorme tamanho e a escala da rede social proporcionam um novo tipo de poder às pessoas: a capacidade de compartilhar seus pensamentos com as massas.

Ele se referiu a esse poder como “um quinto estado, juntamente com outras estruturas de poder em nossa sociedade”. Ele valorizou a importância de dar voz aos indivíduos, afirmando que é daí que vem o maior progresso para a mudança social.

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