Maioria dos CVC espera realizar até seis investimentos por ano, mostra estudo

Entre as empresas que mantêm CVC no Brasil, 80% têm receita líquida superior a R$ 1 bilhão e outras 20% acima de R$ 100 bilhões

Wesley Santana

Número de CVC cresceu no último ano, mostra relatório. Foto: Pixabay

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Quase metade dos fundos corporativos de investimentos (44%) espera realizar até 6 aquisições de empresas por ano, mostra a Pesquisa de Corporate Venture Capital. Divulgado nesta segunda-feira (27), o documento traz uma visão geral de como foi o mercado de CVC no país em 2022, além de previsões para 2023.

Segundo a pesquisa, que foi conduzida pela ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), o principal objetivo das organizações com os investimentos é se preparar para ‘disrupções’ futuras. As companhias também querem criar novos negócios e apoiar seus produtos já existentes.

Ao todo, 41 companhias mantêm algum tipo de CVC no país hoje, sendo que o modelo preferido é o FIP (Fundos de Investimento em Participações), regulado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A maioria dessas iniciativas se concentra na Indústria, seguida do setor de Energia e da Saúde. 80% das empresas participantes têm receita líquida superior a R$ 1 bilhão e as outras 20% acima de R$ 100 bilhões.

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O olhar dessas companhias está atento não só ao que acontece dentro do Brasil, pois 64% delas fizeram investimentos em outros países da América Latina. Negócios na América do Norte (53%) e na Europa (32%) aparecem na sequência. África (6%) e Oceania (12%) tiveram as menores taxas, ainda segundo o mapa.

A ABVCap considera que 2022 foi um bom ano para o mercado de CVC, indo na contramão do mercado de capital de risco geral que passou por um forte ajuste de ritmo e volume. Os analistas destacam que houve um aumento de interesse das empresas por este tipo de negócio, sendo que 13 companhias listadas na bolsa de valores lançaram seus próprios fundos, somando mais de R$ 3 bilhões em capital para investimentos.

20% dos CVC já voltaram atrás

O levantamento da ABVCAP mostra que nem sempre as aquisições têm sucesso. Entre as corporações que participaram do estudo, 21% fizeram write-off (termo para desinvestimentos) no ano passado. Esse número é quase 10 pontos percentuais em relação ao relatório anterior, quando a taxa foi de 30%.

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Esse dado específico, porém, tende a ser inconclusivo, já que mais de 80% das unidades de CVC não medem o retorno de capital que suas aquisições deram. Segundo a associação, isso pode ser explicado com base na maturação do mercado no Brasil, que ainda é jovem -72% das iniciativas estão em fase inicial, ou seja, foram fundadas há menos de 3 anos- portanto, sem condições de uma análise mais aprofundada.

Entre as empresas que afirmaram ter feito desinvestimentos, 12,5% disseram que o fizeram por terem tido uma perda de até 30%, enquanto 6,3% tiveram baixas superiores a 50%.