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SÃO PAULO – “Este é o primeiro resultado trimestral em linha com as nossas expectativas após uma série de grandes balanços desde o início da nossa cobertura, em dezembro de 2016”. Essa frase, dos analistas do Bradesco BBI, resume a percepção acerca dos números do Magazine Luiza (MGLU3).
Os balanços da varejista, que há muito tempo eram “garantia” de surpresa positiva para o mercado, não repetiram o seu brilho no terceiro trimestre de 2018, e a ação da companhia fechou com baixa de quase 8% na sessão desta terça-feira (6).
Nos últimos trimestres, o fato do Magalu ter conseguido surpreender e apresentar números ainda mais positivos do que os analistas esperavam (e que já eram muito positivos) faziam com que a varejista registrasse um forte desempenho em praticamente todas as sessões pós-resultados de 2016 até atualmente, quando a empresa passou por uma verdadeira transformação.
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Um caso especialmente emblemático foi após o resultado do primeiro trimestre de 2018, quando a ação saltou 14,60% em 8 de maio, no pregão seguinte à divulgação dos números do período.
Esse movimento acontecia porque, com resultados tão positivos, as ações da companhia passavam por uma reclassificação por casas de análise, levando a elevações de preços-alvo ou até mesmo de recomendação.
Porém, desta vez, isso não aconteceu. A companhia viu seu lucro líquido subir 29,3% no terceiro trimestre deste ano, para R$ 119,6 milhões, contra R$ 92,5 milhões um ano antes. O número superou as estimativas do consenso Bloomberg, de R$ 115,3 milhões, mas não o suficiente para motivar fortes revisões nas estimativas para a empresa e para o papel, que havia mais do que dobrado de valor apenas em 2018.
Entre outros números de destaque, a receita líquida fechou o período em R$ 3,67 bilhões, uma alta de 28,5% ante os R$ 2,86 bilhões do terceiro trimestre de 2017, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 278,9 milhões entre julho e setembro, uma alta de 11,4% em um ano.
A varejista ainda viu suas vendas de e-commerce terem forte alta, de 54,6%, enquanto o mercado teve um crescimento de apenas 8,0%. No e-commerce tradicional, as vendas evoluíram 43,8% e o marketplace contribuiu com vendas adicionais de R$ 213,3 milhões.
Já do lado negativo, houve uma maior pressão sobre a margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) ajustada no terceiro trimestre, a 7,6% (ou queda de 1,17 ponto percentual na base anual), devido a maiores despesas de marketing e investimentos em experiência do usuário.
Após a divulgação dos números, a XP Research elevou o preço-alvo dos papéis de R$ 130 para R$ 150 – apesar do aumento, o target está abaixo da cotação atual dos ativos, na casa dos R$ 158, o que motiva a recomendação neutra para a ação.
“Preferimos a B2W e a Via Varejo, que na nossa visão, ainda não refletem todo o potencial com melhora de resultados e iniciativas de integração dos negócios online e lojas físicas”, afirma a analista Betina Roxo.
Por outro lado, o BTG Pactual acredita que, mesmo com a alta recente dos papéis (e que motiva a queda nesta sessão após o balanço “não tão espetacular”), ainda há espaço para alta nos papéis. Essa visão é baseada em dois pontos: crescimento secular do e-commerce no Brasil e movimento de consolidação do mercado (aconteceu nos mercados mais maduros e o BTG acredita que no Brasil não será diferente).
“Claramente, a ação do Magalu foi uma das grandes vencedoras no e-commerce no trimestre (Mercado Livre cresceu 33% e B2W teve alta de 24% em volume de vendas) e tem desenvolvido uma plataforma sólida para sustentar o crescimento nos próximos anos”, afirmam os analistas do BTG Pactual.
Outra casa que também está positiva com a ação da varejista é o Brasil Plural, que tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 195 por papel.
“Graças à fase centrada no cliente anunciada anteriormente, o Magazine Luiza alcançou uma série de marcos de eficiência que devem gerar valor adicional e promover resultados cada vez mais lucrativos no curto prazo. A companhia também focou em campanhas de marketing e impulsionou a penetração do aplicativo Magalu e do cartão Luiza”, destacam os analistas do banco.
Assim, há quem ainda esteja otimista com o Magalu apesar do valuation esticado para os seus papéis, enquanto há quem veja que ainda há outras oportunidades no setor mais atrativas. De qualquer forma, é inegável a qualidade dos resultados – mas se eles seguirão avassaladores, essa é outra história, o que motiva tais quedas dos papéis. Mas, dada a qualidade dos balanços apresentados, ainda é possível apontar que mais está mais por vir.
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