Juro baixo estimula empreendedorismo e será transformacional para o Brasil, afirma Benchimol

Na palestra de encerramento da Expert XP Talks Floripa, CEO da XP ainda falou sobre a história do grupo e sobre as personalidades que mais o inspiram

Lara Rizério

Guilherme Benchimol (Foto: Fernando Perecin)

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FLORIANÓPOLIS – O Brasil passou por muitos altos e baixos desde 2002, quando a XP foi criada. Mas o ambiente atual, com juros baixos estimulando empreendedorismo, traz bastante otimismo.

É essa a avaliação de Guilherme Benchimol, CEO da XP Inc, durante painel neste sábado (23) de encerramento da Expert XP Talks Floripa.

“Acima de tudo, nunca vimos no país um cenário macroeconômico como hoje em dia, o Brasil está conseguindo colocar as contas públicas nos eixos. Juros muito baixos, de 5% em direção a 4%, transformam o Brasil, estimulam o empreendedorismo. As pessoas ficam incomodadas com o CDI baixo e começam a tomar riscos, o que é transformador”, avalia.

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Benchimol cita estudos que indicam que vivemos “uma explosão empreendedora”: “nos próximos 5 anos espera-se que haja no mundo três vezes mais empreendedores do que existem hoje. Com mais empreendedorismo, o impacto na economia é brutal, pois isso gera mais competição e preço baixo”. E o Brasil deve também ser contemplado neste cenário.

Para Benchimol, contudo, o que ainda falta no Brasil é o “catalisador” do otimismo, que os brasileiros fiquem mais animados com o futuro do País: “Mais confiança faz muita diferença”.

Da rotina exaustiva ao amadurecimento

No processo de transformação de uma empresa que tinha menos de três funcionários em 2002 para uma gigante brasileira dos investimentos em 2019, Guilherme Benchimol, teve que passar, como muitos empreendedores, por uma rotina de trabalho exaustiva.

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“Minha vida não foi equilibrada por muito tempo”, afirmou. Ao ser questionado por Karel Luketic, estrategista-chefe da XP, sobre como consegue equilibrar a vida pessoal e profissional, Benchimol destacou que colocar na balança até onde o empreendedor pode ir é algo que vem com a maturidade e que agora consegue fazer mais isso.

“O ponto de partida é amar o que faz. Essencial: dormir cedo, alimentar-se bem. Saio da empresa por volta de 19h30, 20h, janto sempre com a família. Acordo às 5h45 e pratico esportes. Estabeleci limites e aprendi a ser eficiente”.

Porém, ele assume que o início da vida de empreendedor costuma ser mais complicado para conciliar os dois lados: “Quando você vai empreender, o grau de comprometimento é grande, o que é normal. A maturidade leva um tempo e, a partir daí, tudo começa a convergir”, avalia o executivo.

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O início de tudo, por sinal, não foi fácil. Depois de perder o emprego aos 24 anos, ele afirmou ter se sentido “o pior dos homens”. Pouco depois, ele se mudou do Rio de Janeiro para Porto Alegre para trabalhar em uma corretora de investimentos na capital gaúcha.

“Porém, achei que seria demitido de novo e fiz a proposta para um colega criar nosso próprio escritório de agentes autônomos. Assim nasceu a XP”, afirmou.

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“Quando começamos, tinha R$ 10 mil. Quando o dinheiro acabou, vendi meu carro para colocar recursos no negócio. E batia de porta em porta tentando vender os produtos de investimento”.

Ao fazer isso, descobriu que elas podiam não comprar os produtos de investimento que oferecia, mas tinham interesse em entender sobre o assunto.

“Assim, criamos um curso de como investir em bolsa de valores e colocamos até mesmo um anúncio no jornal Zero Hora. Para a nossa surpresa, 30 pessoas apareceram e ganhamos R$ 9 mil. Mais tarde, elas abriram conta com a gente”, apontou.

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Lição aprendida: o modelo de negócio pode não vir pronto, mas deve se desenvolver à medida que o empreendedor entende como o mercado funciona.

“A coisa mais importante que uma empresa tem não é o que ela está fazendo hoje, é a sua cultura e o que ela pode fazer no futuro. Queremos pessoas humildes, que não têm problemas em errar. Mas o erro tem que ser curto. Se algo não está fazendo sentido, pare o projeto, não é porque começou que tem que levar até o final”, apontou.

Sobre as pessoas que servem como fonte de inspiração, Benchimol destacou um do mundo dos esportes e outro do mundo dos negócios: Ayrton Senna, piloto de Fórmula 1 morto em 1994, e Jorge Paulo Lemann, da 3G Capital.

“Tinha 18 anos quando Senna morreu, quem tinha a minha idade naquela época lembra das vitórias impossíveis, começando lá de baixo, sem nada, e a garra que ele tinha e que sempre me inspirou”, afirmou.

Já sobre Lemann, Benchimol aponta que, mesmo aos 80 anos, o empresário sente que está começando, fazendo projetos de 20, 30 anos, com a mesma garra e vontade.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.