Já caiu demais? XP segue recomendando compra para ação da Suzano ao ver risco-retorno atrativo

Papéis SUZB3 caem 19% no acumulado de 2019 e já refletem celulose mais baixa, aponta equipe de análise; contudo, ações devem seguir pressionadas no curto prazo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Pior desempenho do Ibovespa em maio com queda superior a 21%, junho não tem sido um mês bom para as ações da Suzano (SUZB3), que caem cerca de 5% no período em meio à queda dos preços de papel e celulose, o que levou a diversas revisões de recomendações por analistas de mercado. Em 2019, os ativos registram a sexta maior queda do Ibovespa, com baixa de 19% no acumulado do ano. 

Os preços da celulose de fibra curta (representativa na América Latina e derivada do eucalipto) da China caíram US$ 154 a tonelada para US$ 617,8 a tonelada e, de acordo com a XP Research, um declínio adicional é possível, o que ainda pode pressionar as ações do setor no curto prazo.  

Contudo, conforme destaca Betina Roxo, analista da XP Research, a visão é de que as ações SUZB3 já estão refletindo os preços da celulose em US$ 525 tonelada, com câmbio de R$ 3,75, um patamar para o dólar cerca de 3% abaixo dos valores de R$ 3,87 negociados atualmente, o que é visto como excessivamente baixo. Enquanto isso, pesquisa feita pela área de análise da XP com agentes de mercado mostra que 84% dos 58 investidores ouvidos já esperam uma queda para US$ 550 a tonelada ou menos, o que corrobora a visão de que a queda nos preços já está precificada. 

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Com isso, a XP Research manteve a recomendação de compra para as ações da Suzano, mas cortou o preço-alvo para R$ 40, o que representa um potencial de valorização de 32% em relação ao fechamento de sexta-feira (7). 

Vale destacar que, caso se assuma uma cotação de celulose a US$ 500 a tonelada (seria o preço mais baixo em 30 anos), as ações precisariam convergir para R$ 25 por ação, afirma a analista. No entanto, caso se assuma uma cotação de US$ 600 a tonelada, o que é considerado razoável, as ações convergiriam para R$ 50 por ação, um potencial de valorização de 64% em relação ao fechamento de sexta. 

A XP Research destaca ver um maior risco de alta do que de baixa, por três motivos: (i) os estoques de celulose de produtores devem começar a normalizar até o final do ano; (ii) novos cortes de produção são possíveis caso os preços caiam ainda mais e (iii) nenhuma capacidade adicional de celulose prevista até 2021 que podem até ser adiadas caso os preços fiquem baixos por mais tempo.

Além disso, a equipe de análise lembra que as sinergias da fusão com a Fibria ainda não foram capturadas – a XP estima um 
valor total de R$ 12 bilhões, ao longo do tempo, 29% do valor de mercado da Suzano.

Já para a Klabin (KLBN11), a equipe de análise manteve recomendação neutra com preço-alvo de R$ 19 por ação, o que configura um potencial de valorização de 23% em relação ao fechamento de sexta. 

“Embora mais resistente aos preços de celulose do que a Suzano, acreditamos que um curto prazo desafiador para a celulose também deve manter as ações da Klabin pressionadas, enquanto a empresa está entrando em uma fase de investimentos, com o projeto Puma II, para expandir sua capacidade de papel, com produção somente em 2022 (ou seja, uma fase de maior endividamento) Além disso, os resultados do segmento de papel devem permanecer fracos até vermos a atividade econômica recuperando no Brasil”, avalia Betina. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.