Itaú Unibanco é mal-entendido pelo mercado, diz Setubal

"As ações do Itaú estão baratas", repetiu Setubal várias vezes durante encontro com investidores e analistas de mercado

Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) – O Itaú Unibanco está atento a oportunidades de aquisições para ampliar as receitas com prestação de serviços, disse nesta quinta-feira o presidente-executivo do grupo, Roberto Setubal, que também reclamou que o modelo de negócios do banco não é corretamente percebido pelo mercado.

“As ações do Itaú estão baratas”, repetiu Setubal várias vezes durante encontro com investidores da Apimec.

O executivo frisou que o crédito representou apenas cerca de um terço do lucro de 16,3 bilhões de reais do conglomerado nos primeiros nove meses de 2016. Em contrapartida, quase dois terços vieram de receitas com serviços e seguridade e essa tendência deve se consolidar adiante.

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“O mercado ainda olha o Itaú como uma empresa de crédito, mas isso não reflete a realidade”, disse. “Há uma reação exagerada do mercado durante crises de inadimplência, sem considerar que há uma base mais sólida do nosso modelo de negócios e, na minha forma de ver, isso não se justifica.”

Apesar de acumular alta superior a 50 por cento em 2016, praticamente em linha com o Ibovespa, a ação do Itaú Unibanco tem tido performance mais fraca do que o índice nos últimos cinco anos, apesar de ter tido lucro crescente e mais estável do que a média das empresas no indicador, disse ele.

As afirmações de Setubal ocorrem em meio a iniciativas dos bancos para diversificar receitas, num cenário em que a recessão no país tem imposto menores receitas com crédito e mais despesas com provisões para perdas com calotes.

Entre as iniciativas do Itaú Unibanco nesse sentido, o banco comprou no ano passado 50 por cento da empresa de pagamento eletrônico Conectcar e o controle da gestora de recuperação de crédito Recovery. O banco também está perto de lançar uma joint venture com a Mastercard para lançar uma bandeira nacional de cartões de crédito.

BR DISTRIBUIDORA

Ao mesmo tempo, a Itaúsa, holding controladora do Itaú Unibanco, sinalizou ao mercado que pretende ampliar a participação nos setores industrial e de serviços nos seus resultados.

Atualmente, o Itaú Unibanco representa cerca de 94 por cento dos investimentos totais da Itaúsa, que também tem negócios em segmentos como energia, com a Elekeiroz, e de insumos de madeira e louça para construção civil, com a Duratex.

“Nas últimas décadas, o setor financeiro é o que tem tido o maior ritmo de crescimento dentro do grupo; é razoável imaginar que isso possa mudar um pouco daqui em diante”, disse o presidente-executivo da Itaúsa, Alfredo Setubal.

Para o executivo, no entanto, é razoável imaginar que o braço financeiro do conglomerado não terá a participação total reduzida para baixo de 90 por cento.

A Itaúsa anunciou recentemente interesse na disputa pela compra de participação na BR Distribuidora, rede de postos de combustíveis que a Petrobras colocou à venda.

Segundo Alfredo Setubal, qualquer novo investimento da Itaúsa deve ser em setores maduros e que proporcionem bons dividendos para os acionistas.

“Não vamos fazer loucuras; qualquer negócio em que entrarmos tem que criar valor para os nossos acionistas”, disse o presidente da Itaúsa, descartando eventual aumento de capital na Itaúsa para financiar eventuais aquisições.

(Por Aluísio Alves)