Investidores ESG estão de olho em como empresas tratam funcionários na pandemia

O foco no investimento sustentável mudou em resposta ao coronavírus, e nem todos os gestores querem só pechinchas

Bloomberg

Movimentação de passageiros no Metrô de São Paulo (crédito: AGATHA GAMEIRO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO)

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(Bloomberg) — Enquanto a maioria dos gestores de recursos busca pechinchas na turbulência do mercado, Jonas Kron está à procura de “mocinhos” entre os bandidos.

“Procuramos encontrar empresas que investem em seus funcionários em vez de tratá-los como descartáveis”, disse Kron, que ajuda a administrar US$ 3 bilhões como diretor de defesa de acionistas da Trillium Asset Management, com sede em Boston.

O foco no investimento sustentável mudou em resposta ao coronavírus, que se espalhou para 170 países. Investidores como Kron não deixaram de se preocupar em reduzir combustíveis fósseis, incentivar a diversidade da força de trabalho e diminuir o uso de plásticos, e sempre se interessaram pelo bem-estar dos trabalhadores.

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Mas, agora, olham mais de perto como as empresas tratam funcionários durante a pandemia. Enquanto o Federal Reserve promete trilhões de dólares para resgatar empresas financeiras e o Congresso dos EUA prepara cheques para trabalhadores, Kron faz parte de um grupo buy-side de Wall Street cuja tarefa também inclui se preocupar com os assalariados.

“O trabalhador americano, que é a espinha dorsal da economia, está em uma posição tênue”, disse Kron. “O coronavírus torna aparente para muitas pessoas as consequências de não ter uma rede social significativa.”As interações de empresas com os funcionários durante a crise da saúde também preocupam John Streur, diretor-presidente da Calvert Research and Management, unidade de investimento responsável da Eaton Vance. Entre as questões estão se as empresas demitem ou continuam pagando os funcionários durante a pandemia, se fornecem seguro médico adequado e se permitem trabalhar em casa.

“As pessoas vão se lembrar de como as empresas trataram os empregados e como se comportaram na comunidade”, disse Streur.

Entre os 100 maiores empregadores dos EUA, 36% adotaram algum tipo de licença médica remunerada e 28% continuam a pagar funcionários que ganham por hora afetados por mudanças no horário de funcionamento e paralisações, segundo análise da JUST Capital, um grupo de pesquisa ESG, termo para questões ambientais, sociais e de governança.

“Várias empresas atualizaram as políticas quatro vezes desde o surto de vírus”, disse Alison Omens, diretora de estratégia do grupo sem fins lucrativos.

Os três líderes em investimentos ESG também disseram que estão de olho em empresas que acreditam estar fazendo a coisa certa.

Kron disse que gosta da política da Microsoft, segundo a qual terceirizados devem oferecer licença remunerada aos funcionários.

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