Inteligência artificial imita voz de CEO em roubo de US$ 243 mil

Os criminosos recorreram a um software de geração de voz para se passar pelo chefe de uma companhia alemã e solicitar uma transação

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – Falsificar vozes de executivos do alto escalão artificialmente para roubar milhares de dólares é hoje uma realidade. O Wall Street Journal noticiou o primeiro caso de fraude de voz baseada em inteligencia artificial (IA) – também conhecido como vishing (abreviação de “voice phishing“) – que custou a uma empresa alemã US$ 243 mil.

O caso é um sinal que a falsificação de áudio está se tornando muito precisa e cada vez mais profissional. Para conseguir o feito, os criminosos recorreram a um software de IA de geração de voz para se passar pelo chefe de uma companhia proprietária de uma empresa de energia sediada no Reino Unido.

Eles convenceram o presidente-executivo da companhia de energia a transferir urgentemente fundos para um fornecedor húngaro em uma hora, com garantias de que a transferência seria reembolsada imediatamente.

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Segundo o jornal que apurou o caso, o CEO britânico disse que não desconfiou da voz, pois reconheceu o sotaque alemão e achou que realmente se tratava de seu chefe.

Os fundos transferidos para a Hungria foram, posteriormente, mandados para o México e outros locais. As autoridades ainda estão seguindo os rastros para encontrar os responsáveis pelo crime.

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A empresa estava segurada pelo Euler Hermes Group, uma empresa de seguros de crédito, e teve todo seu prejuízo coberto.

O incidente supostamente aconteceu em março e os nomes dos envolvidos e das empresas não foram divulgados. De acordo com o WSJ, os nomes foram ocultados pois uma investigação policial está em curso.

Futuro do crime virtual

É improvável que esse continue sendo um caso isolado de um crime perpetrado usando a IA.

Falsificações usando a tecnologia são apenas o começo do que podem ser grandes dores de cabeça para empresas e pessoas físicas no futuro.

À medida que as ferramentas para imitar as vozes e imagens se tornam mais realistas, aumenta também a probabilidade de os criminosos usá-las em seu proveito. Ao fingir identidades no telefone, o acesso a informações privadas fica muito mais fácil. 

Em julho, a Diretoria Cibernética Nacional de Israel emitiu um alerta sobre um “novo tipo de ataque cibernético” que aproveita a tecnologia de IA para imitar perfeitamente executivos, instruindo os funcionários a realizar operações, como transferências de dinheiro.

No ano passado, a Pindrop – uma empresa de cibersegurança que cria software de voz antifraude – relatou um salto de 350% na fraude de voz entre 2013 e 2017. Porém, como a empresa mostra, apenas 1 em 638 casos foram falsificações utilizando um software de IA.

Para proteger as empresas das consequências de um ataque de falsificação como esse, a companhia de cibersegurança diz que é crucial que as instruções passadas pelo telefone sejam verificadas por meio de um e-mail ou outro meio alternativo.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.