Indústria química é o segmento mais inovador do Brasil, segundo relatório

Investimento em inovação nas indústrias passa por parcerias com startups

Wesley Santana

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Um relatório da plataforma de inovação Distrito, publicado nesta semana, apresenta a indústria química como o segmento mais inovador do país. O levantamento aponta que o setor tem uma taxa de 87% de inovação, registrando um desempenho superior a outros que estão ligados diretamente à tecnologia.

Entre os principais pontos que justificam essa performance, os analistas destacam o debate sobre Indústria 4.0. A crescente procura por novas tecnologias tem feito com que os executivos de químicas e farmacêuticas olhem com maior atenção à inovação, que pode ditar os rumos das empresas nos próximos anos. 

“Existe um movimento de busca por melhoria operacional por meio da transformação digital ou da Indústria 4.0”, destaca Luiz Sávio, sócio-líder de manufatura na KPMG Brasil. “As tecnologias são incontáveis: do processamento em nuvem, passando pela sensorização à integração IT/OT e Machine Learning. No entanto, é preciso haver aderência, suporte ao uso contínuo, motivação e o verdadeiro valor daquela iniciativa tecnológica para o negócio”.

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Na sequência da indústria química, o setor de equipamentos de informática e eletrônicos teve o melhor desempenho (86%), pódio que se completa com o segmento automotivo (84%). 

O levantamento da Distrito mostrou, ainda, que a maior parte dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico no Brasil vem do poder público. Essa é a principal diferença em relação aos países melhores colocados, onde os aportes são feitos, principalmente, pela iniciativa privada, caso do Japão, Coreia do Sul e China.

Em geral, os valores de P&D aplicados no país latino são destinados à pesquisa básica, seguida dos ramos da agricultura e infraestrutura. No caso de Seul, por exemplo, os recursos vão para a pesquisa básica (em menor proporção), defesa e energia. 

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Startup é o elo

O Brasil é um dos países mais burocráticos do mundo, conforme mostrou o Índice de Complexidade Econômica (ICE), ocupando a posição de número 60. Esse fato coloca o país latino atrás de pares com dimensões territoriais parecidas, como a Índia, que ocupa o 46º lugar. 

Desta forma, fazer parceria com startups é uma das formas encontradas pela indústria para inovar de forma mais rápida e eficiente, o que leva às fusões e aquisições. No ano passado, só a indústria brasileira destinou US$ 177 milhões (cerca de R$ 800 milhões) para startups. Esse número representa uma baixa de 60% em relação à soma de 2021, mas um crescimento de quase 100% ao registrado em 2020.

As startups que mais receberam recursos de grandes companhias são as que fornecem ferramentas de inteligência industrial, responsáveis por quase 40% do montante. Poder computacional e manufatura avançada empatam na segunda posição, tendo 25% das aplicações cada uma.

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Já as que criam soluções de interação entre o homem e a máquina, como projetos de realidade aumentada e robótica industrial, aparecem em seguida. A concentração de soluções ainda está na região Sudeste do país (73%), com pequena margem para as startups do Sul (17%). 

Entre as startups mais procuradas pela indústria para funções que estejam fora do seu principal negócio, as de ESG chamam atenção, com quase um quinto dos aportes. Isso é um indício de que a indústria tem investido em soluções que possam mitigar os impactos ambientais que suas operações causam. Supply Chain (17%) e Energia (13%) e Tecnologias complexas aparecem na sequência.