Ilha aos refugiados e “amigo” de Naji Nahas: conheça o bilionário egípcio interessado na Oi

Naguib Sawiris, de 62 anos, mostrou interesse na companhia de telefonia antes e depois do pedido de recuperação judicial; saiba um pouco mais sobre a sua trajetória

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Naguib Sawiris. Se na última semana este desconhecido nome começou a aparecer no noticiário econômico, ele promete ganhar ainda mais notoriedade com o pedido de recuperação judicial da Oi (OIBR4), a maior da história. 

Em entrevista para a Bloomberg, o bilionário egípcio disse estar preparado para investir na companhia telefônica. “A Oi precisa de acionista com forte histórico em telecomunicações para resolver seus problemas operacionais, além de financeiros”, disse ele.

Sawiris ressalta que a companhia tem grande potencial, desde que sua dívida seja reestruturada e a empresa receba um aumento de capital e um forte plano industrial. O egípcio diz que está pronto para investir se tiver exclusividade nas negociações e ressaltou ainda que a combinação entre a empresa e a TIM faz “muito sentido”. Contudo, a empresa precisa conseguir ficar de pé para ser capaz de negociar fusão.

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Naguib Sawiris não é um novato no mercado brasileiro – e muito menos no setor de telecomunicações. O empresário, de 62 anos recém-completados na última sexta-feira 17 de junho, é dono da Orascom Telecom que, em 2015, chegou a fazer uma proposta pela Telecom Italia, além de um canal de televisão em seu país natal. No Brasil, a sua companhia analisou a compra da fatia do Opportunity na Brasil Telecom. 

Conforme destaca o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o interesse de Sawiris na companhia pode ser em boa parte creditado por um outro personagem conhecido do mercado brasileiro: Naji Nahas, que fez fortuna no Brasil com operações de altíssimo risco, cuja legitimidade é questionada até os dias atuais. E a relação entre eles não é de hoje. Notícias de 2014 apontaram que o libanês era uma espécie de tradutor de Sawiris na época em que ele estava em conversações para comprar a TIM brasileira. 

De acordo com informações da Bloomberg, Sawiris é o segundo homem mais rico do Egito, com uma fortuna estimada de US$ 4 bilhões. Se no Brasil ele não é tão conhecido, o mesmo não pode ser dito no setor de telecomunicações italiano. Em 2005, ele comprou a operadora de telefonia celular Wind da empresa de energia Enel, em um negócio de 12,2 bilhões de euros, e a vendeu seis anos depois para a VimpelCom, operadora que tem o russo Mikhail Fridman como sócio.

Além de focar no setor de telefonia, Sawiris também ganhou fama no final do ano passado ao se oferecer para comprar uma ilha em águas da Grécia ou da Itália para acomodar milhares de migrantes sírios e de outras zonas de conflitos. A ideia era construir um abrigo temporário para até 200 mil pessoas.

Em entrevista na época para uma TV estatal egípcia, Sawiris afirmou: “a crise dos refugiados é uma chance para mostrarmos ao mundo que, mais importante dos que os interesses de cada país, de cada religião, de cada afinidade política, existem pessoas, seres humanos, famílias. Eles valem mais do que tudo”. No entanto, ele admitiu que o plano poderia enfrentar desafios em termos de jurisdições e regulamentação.

Naguib é o filho mais velho de três irmãos e estudou em um colégio alemão do Cairo, graduando-se na Escola Politécnica de Zurique. Após a sua graduação ele entrou na Orascom em 1979 onde, em 1997, foi nomeado presidente-executivo, cargo que ocupa atualmente. Aliás, ele também esteve bastante envolvido na política egípcia em um dos momentos mais tensos do país: em 2011, no auge da Revolução, Sawiris em conjunto com intelectuais e ativistas políticos anunciou a criação do partido liberal secular. O egípcio tem números prêmios e honras cívicas. 

Se Naguib Sawiris será capaz de salvar a Oi ou se será um plano não-concretizado dentre outros no setor aqui no Brasil, ainda vale esperar para ver. Mas os acionistas da companhia brasileira estão ansiosos por novas falas do bilionário – e sobre os seus futuros planos aqui no País. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.