HRT e os poços secos: há saída ou esgotaram as possibilidades da empresa?

Embora o mercado digere as notícias com forte pessimismo, analistas ressaltam que há luz no fim do túnel e resultado do primeiro poço na Namíbia não influencia expectativa para demais

Paula Barra

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SÃO PAULO – A primeira perfuração da HRT (HRTP3) na Namíbia não trouxe o resultado esperado: a confirmação de que o poço Wingat-1 não possui volume comercial. Na Bacia dos Solimões, a empresa também decepcionou ao encontrar um poço seco. Agora, a questão que ronda no mercado é: o que a empresa poderá fazer? Ainda há uma válvula de escape para a companhia ou se esgotaram as possibilidades de apreciação?

Segundo relatório da casa de research Empiricus, o primeiro elemento que se deve ter em mente, no caso da Namíbia, refere-se à impossibilidade de se julgar uma bacia de hidrocarbonetos a partir de uma única perfuração. O país ainda é uma fronteira subexplorada, com menos de 20 perfurações realizadas no offshore (alto mar) – excluindo as duas perfurações mais recentes da Chariot no Tapir e no Nimrod, houve uma fase mais intensa de nove furos entre 1994 e 1998; antes disso, poucos furos esparsos e, obviamente, sob uma tecnologia antiga. 

Com isso, os analistas apontam que somente após as nove perfurações que serão feitas entre até 2014 é que será possível ter uma opinião mais concreta do que podem representar as bacias de Walvis e Orange – nas quais a HRT possui licença de exploração.

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Além disso, eles indicam que a integração política, ambas as bacias na Namíbia, em nada representa unicidade geológica entre Walvis e Orange – nota-se que, mais ao sul, a descoberta no campo de Kudu já é uma evidência da presença de hidrocarbonetos em Orange (embora ainda precise de mais furos para saber se tem óleo ou gás), diferentemente de Walvis, que ainda prescinde de uma descoberta relevante.

Desta forma, os analistas da Empiricus entendem que a HRT já contempla um cenário bastante pessimista sob visão estritamente dos fundamentos econômicos e financeiros e o encontro do poço seco não esgota o potencial associado ao case, levendo-os a reitarar recomendação de compra sob horizonte de médio e longo prazo.

Entretanto, eles ponderam que no curto prazo uma reação fortemente negativa será visível nos papéis. Somente neste pregão, as ações da HRT despencavam 18,60% às 12h25 (horário de Brasília), a R$ 2,67.

O lado mais pessimista
Por sua vez, o lado mais pessimista do mercado encara a situação com mais cautela. Para o analista Oswaldo Telles, do Banco Espírito Santo, a HRT não irá sobreviver se não achar petróleo nas demais áreas, embora ressalte também que o resultado do primeiro poço não influencia a expectativa para os demais.

Já a Planner Corretora explica em relatório que a ocorrência de poços secos e subcomerciais é normal no setor de petróleo, mas, para uma empresa que está começando a sua campanha exploratória, como a HRT, a notícia pode ser mais dramática. O caixa da empresa passou de R$ 1,5 bilhão em 2011, para R$ 1 bilhão em 2012, até chegar a R$ 829 milhões em 31 de março.

Segundo os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, a única solução para a HRT é o sucesso em Murombe, próximo poço a ser perfurado (o resultado do anúncio deverá ser feito entre julho e início de agosto). Esse será o segundo a ser explorado de um total de três no projeto para a Namíbia.