Holding da Vale recebe uma boa notícia, mas desconto ante sua controlada segue em alta

Bradespar provisionou perda muito menor do que a esperada sobre o caso contra a Elétron

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Na manhã desta segunda-feira (14), a Bradespar (BRAP4) publicou seu resultado do primeiro trimestre deste ano e apresentou prejuízo líquido de R$ 283,5 milhões, revertendo o lucro de R$ 423 milhões reportado um ano antes. Ao primeiro olhar, um prejuízo nunca é bem-vindo pelo investidor, mas o fato gerador deste resultado negativo está animando o mercado.

De acordo com a empresa, o prejuízo nos 3 primeiros meses do ano foi reflexo da provisão de R$ 555 milhões por conta da disputa judicial contra a Elétron, empresa controlada por Daniel Dantas. O valor considerado pela empresa está bem abaixo dos R$ 2 bilhões esperados na semana passada, quando o caso veio à tona no mercado e culminou na queda de 6% das ações.

“A partir da análise dos processos arbitrais e judiciais acima referidos, e considerando os últimos eventos do processo, especialmente a homologação do cálculo pelo Juízo de primeiro grau, os assessores jurídicos da Bradespar, classificam como prováveis as probabilidades de perdas relacionadas com esses litígios, mas por montante ajustado ao valor da opção reclamada, que na data de 29 de março de 2018, importaria em um valor líquido de R$ 1,1 bilhão. Essas razões levaram a administração da companhia a realizar uma provisão no valor de R$ 555 milhões, correspondente ao percentual de sua responsabilidade indicado pela exequente no processo de execução”, aponta a empresa em seu resultado do primeiro trimestre.

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Por conta disso, os analistas do BTG Pactual e Itaú BBA apontam que o desconto entre o valor de mercado da Vale (VALE3) e Bradespar, atualmente em 30% (já considerando a provisão de R$ 550 milhões), não tem uma justificativa. Pelas contas do Itaú, no nível atual de preço o mercado está precificando um prejuízo R$ 2,9 bilhões maior ante a provisão estabelecida pela holding da mineradora.

Em vista da “gordura” que foi aberta desde a semana passada com a queda exagerada do mercado, o BTG Pactual reforçou sua visão positiva para o papel e projeta uma recuperação para o curto prazo, mas, que por enquanto, não está acontecendo. Enquanto as ações preferenciais da Bradespar sobem 1,2%, aos R$ 34,40, às 15h47, os papéis ordinários da Vale avançam 2,7%, cotados a R$ 54,03, o que eleva ainda mais o desconto entre as duas empresas. 

Entenda o caso

Na semana passada, a juíza da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro homologou um laudo pericial que fixa uma indenização de R$ 4 bilhões a ser paga para a Elétron, empresa controlada por Daniel Dantas, por conta de uma pendência judicial envolvendo a compra de 37,5 milhões de ações da Vale pela empresa do grupo Opportunity. A história começou em 2011, quando o CBMA (Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem) definiu que a Elétron teria o direito de comprar essas ações da Valepar, holding que controlava a Vale e que em agosto de 2017 foi incorporada pela mineradora para a entrada no Novo Mercado.

Contudo, através de recursos na Justiça, Bradespar e Litel, que reúne fundos de pensão liderados pela Previ, conseguiram arrastar por sete anos o processo e a empresa de Dantas ficou fora da nova estrutura acionária da Vale, com menos de 1% de participação da mineradora. Com a homologação do laudo pela juíza Maria da Penha Mauro, esse passivo poderá ser de fato reconhecido, tanto que a própria empresa classificou como provável em seu resultado do primeiro trimestre.

Porém, como exposto, a Bradespar poderá recorrer até ao STJ (Supremo Tribunal de Justiça) e, segundo seus cálculos, o valor atualizado da compensação (que considera o aumento do preço da ação e os proventos recebidos desde 2007) pode chegar em R$ 1,1 bilhão, ou seja, bem abaixo do valor estipulado pela matéria do O Globo.

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