Herdeiro da Samsung volta aos tribunais e pode ser preso novamente ainda nessa semana

Jay Y. Lee é acusado de ser um dos articuladores em um caso de corrupção que envolve a Samsung e levou ao impeachment da ex-presidente da Coreia do Sul

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – Jay Y. Lee, vice-presidente e herdeiro do grupo Samsung, compareceu ao tribunal sul-coreano novamente para esclarecer acusações de corrupção ativa que pesam contra ele e colocam em xeque a imagem do principal conglomerado de tecnologia do país. O julgamento determinará se o executivo voltará à prisão depois de mais de dois anos em liberdade.

Na última quinta-feira (4), os promotores do caso pediram ao tribunal que emitisse um mandado de prisão contra Lee. O herdeiro é réu em uma investigação sobre fraude contábil e sobre uma controversa fusão em 2015 de duas afiliadas da Samsung. Segundo a acusação, a fusão pode ter ajudado a facilitar o plano de Lee de assumir um controle maior do grupo.

Lee compareceu ao tribunal às 10h30 desta segunda-feira (8) (22h30 do domingo, no horário de Brasilia) e entrou sem responder as perguntas dos repórteres ou falar com a imprensa, segundo informações da agência de notícias “Reuters”. Após a audiência, ele deve ir a um centro de detenção para aguardar a decisão do juiz, prevista ainda para esta semana.

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Na última sexta-feira (5), a Samsung emitiu uma nota defendendo o executivo. A empresa alega que houve uma manipulação contra Lee.

Em outra declaração no fim de semana, o conglomerado disse que a longa investigação está pesando sobre a administração direta da companhia, que está em “crise” em um momento em que a pandemia do novo coronavírus e as disputas comerciais entre Estados Unidos e China estão aumentando a incerteza para a gigante dos smartphones.

As acusações

Lee esteve preso por pouco mais de um ano até fevereiro de 2018 por seu papel em um escândalo de suborno, no qual foi acusado de presentear o governo com cavalos para ganhar o apoio da ex-presidente Park Geun-hye e ter um caminho facilitado para a fusão da Samsung com outras empresas menores do país.

O escândalo, porém, veio a público, levou ao impeachment de Park em 2017 e comprometeu a imagem da Samsung com o povo coreano. Hoje, a ex-presidente cumpre uma sentença de 25 anos de prisão e Lee pode ser condenado à prisão novamente.

A polêmica envolvendo o grande escalão da política do país e o maior conglomerado coreano causou impactos permanentes na companhia e fez a empresa repensar em alguns valores. Pela primeira vez na história da Samsung não haverá sucessão hereditária direta no comando da companhia – que há quatro gerações era comandada pela mesma família. Lee admitiu erros no passado e prometeu evitar violações da lei no futuro. A Samsung foi fundada pelo avô de Lee em 1938 e é hoje uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

“Somos reconhecidos por nossa tecnologia e produtos de primeira classe, mas a visão pública da Samsung ainda é crítica”, disse o herdeiro da companhia. “Isso é tudo por causa de nossas deficiências. Isso foi culpa minha e ofereço minhas sinceras desculpas. ”

“Se ele for preso, isso prejudicará ainda mais a reputação de Lee e da Samsung. Haverá mais perguntas sobre sua legitimidade como sucessor da empresa”, diz Chang Sea-jin, professor de negócios do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia em entrevista à Reuters. “O público pensaria: ‘Oh, ele pode ter feito algo errado de novo.'”

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.