Brasil é um dos países mais disruptivos nas finanças – e o varejo já percebeu

Futuro das fintechs no país é tão brilhante que, além dos bancos, as varejistas querem participar  

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Após visitas recentes a 9 fintechs brasileiras, analistas do Morgan Stanley reforçaram um posicionamento que já vinham divulgando há alguns meses: o Brasil está entre os países mais avançados em tecnologia disruptiva para o setor financeiro.

Alguns dos ingredientes que possibilitam o crescimento do bolo das fintechs, segundo o Morgan, são os problemas das empresas tradicionais do país; a velocidade da adoção das startups pela população; a expansão que já se inicia; e, finalmente, os esforços do regulador para aumentar a competição e diminuir o spread bancário.

O boom das fintechs no Brasil é, “de longe, o mais avançado da América Latina”, escreveram os analistas. “A tecnologia está desafiando o modelo bancário tradicional em ritmo sem precedentes; os bancos mais rápidos estão mudando seus modelos de negócios para competir com fintechs”, complementam.

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Até tu, varejo?

Outro setor que reparou no avanço da tecnologia financeira foi o de varejo. Além das grandes instituições financeiras, as grandes varejistas já buscam formas de oferecer soluções de fintech para não sucumbir aos novos tempos de disrupção. A solução encontrada pela maioria dessas empresas aparece em uma frente específica: meios de pagamento. Nomes como Mercado Livre, Magazine Luiza, B2W, GPA e Via Varejo já estrearam nessa passarela.

Graças à penetração do comércio eletrônico, as grandes varejistas encontraram no marketplace (disponibilização de plataformas para vendas de terceiros) uma forma de aumentar o sortimento de produtos, agilizar o crescimento das vendas, e, consequentemente, melhorar a experiência do consumidor e gerar fidelização.

“Com isso, os marketplaces buscam oferecer também soluções aos sellers (vendedores em sua plataforma), como serviços de gestão, marketing, logística, e atualmente, a solução em destaque: meios de pagamentos”, diz a analista Betina Roxo, da XP Investimentos, no relatório “Meios de pagamento: por que todos estão de olho?”

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Roxo lembra que o cartão de crédito é uma modalidade de crescimento constante no país, mas ainda representa 34% do consumo das famílias – o que abre espaço para um incremento relevante. Considerando uma população ainda consideravelmente desbancarizada (39,5%), soluções como pagamento via celular e acesso a crediário digital são vistas como “grande oportunidade neste segmento”.

Também está na mira o segmento de antecipação de recebíveis, operação pela qual o lojista escolhe receber antecipadamente os valores que entrariam na sua conta ao final do mês. O BC anunciou nesta semana o fim da trava bancária, que obriga lojistas a realizarem a antecipação com apenas uma instituição. Essa norma vale a partir de janeiro e tende a abrir novas possibilidades no varejo.

“Seria uma registradora de ativos, que ofereceria maior garantia aos participantes, operação de crédito mais segura e, portanto, custo mais baixo”, explica a analista. “Com isso, o lojista poderia antecipar seus recebíveis não só através da empresa adquirente utilizada e teria outras opções para fazer a operação, sendo negativo principalmente para adquirentes que tem receita de antecipação relevante nos resultados”.

Neste mês, ainda, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) anunciou que lançará uma modalidade de pagamento a prazo semelhante a um crediário, disponibilizado nas próprias máquinas de cartão. Trata-se de outra frente com potencial exploratório pelas varejistas, já que o setor é um dos que oferecem crediário através de cartão de loja.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney