Hapvida mira crescimento em meio ao caos da saúde após “tempestade perfeita”

Em entrevista ao InfoMoney, diretora da empresa reafirma interesse de se consolidar no Norte e Nordeste e descarta Sudeste "no preço atual"

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Desde a primeira divulgação de resultados como empresa de capital aberto, a Hapvida (HAPV3) vive uma “tempestade perfeita negativa”, de acordo com analistas do setor. Após queda acumulada de 21% frente ao pico, a ação da empresa pode estar em momento oportuno para compra, considerando o potencial de crescimento.

Para além da divulgação de lucro líquido 7,6% inferior ao mesmo período do ano anterior no segundo trimestre, graças a uma temporada de viroses mais longa que o comum, notícias do setor criaram clima de incerteza ao redor da companhia.

Em junho, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) formalizou teto de 10% para reajuste de planos de saúde individuais após uma liminar ter aplicado o limite de 5,72% por breve período. Discussões sobre a interferência de empresários na diretoria da ANS também entraram na conta.

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Para analistas do BTG Pactual, porém, a turbulência é conjuntural e a estrutura da empresa não mudou. “A retórica do IPO é a mesma”, escreveu o banco em relatório onde recomenda a compra do papel pelo “melhor potencial de crescimento da categoria no nosso universo de cobertura”. O preço-alvo utilizado na análise é de R$ 32, um upside de 24% ante o fechamento do pregão da última quinta-feira (18).

Ao longo do terceiro trimestre, as margens podem ter sido ainda pressionadas pelo aumento na temporada de viroses, de acordo com os analistas. Mas, em conversa com representantes da empresa, eles entenderam que os meses de agosto e setembro já viram operações dentro da normalidade.

Nesta sexta-feira (19), o papel via queda de 0,19% enquanto o Ibovespa subia 1,10% pela manhã. A alta da empresa no mês soma 7,29% ante 6,85% do benchmark.

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Diagnóstico e receita

Maior operador de planos de saúde do Norte e do Nordeste, o grupo Hapvida tem a seu favor uma circunstância triste: o abismo no acesso à saúde brasileiro, somado ao envelhecimento da população e ao crescimento das doenças crônicas, cria enorme oportunidade de crescimento no setor.

Em entrevista concedida ao InfoMoney, a diretora de marketing e comunicação, Simone Varella, foi enfática: para ela, o único modelo de negócios capaz de prosperar na situação brasileira é justamente o da Hapvida.

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“No mercado de saúde, vai haver um afunilamento, empresas comprando outras, isso já está para acontecer”, prevê. O IPO da empresa, no fim de abril, foi importante para capitalização: com dinheiro no caixa, a Hapvida aumenta a probabilidade de ser uma das empresas que irão às compras – em vez de ser comprada. Em setembro, a empresa anunciou aquisição da carteira da Uniplam por R$ 30 milhões.

Mas capitalização não é suficiente para manter viva uma empresa dentro de um setor em crise: também é preciso identificar e aplicar o modelo de negócios mais eficiente. No entendimento da Hapvida, este modelo soma rede própria de atendimento e prevenção antes de tratamento.

Com 26 hospitais próprios, 19 unidades de pronto atendimento, 75 clínicas médicas e 84 centros de diagnóstico em 11 estados, a crença da companhia neste primeiro ponto faz com que o foco permaneça em suas regiões principais, extremamente carentes em atendimento médico. Mas a expansão para o Brasil já está começando. Em março, deve ser inaugurado um hospital em Joinville, fruto da parceria com a Whirpool na cidade catarinense.

Por enquanto, Varella descarta a vinda para o Sudeste, apesar de rumores sobre a compra de hospitais em São Paulo. “Não pelo preço atual”, diz. Por ora, faz todo o sentido focar em cidades interioranas de regiões onde a competição é mais leve.

Quanto ao aspecto de acompanhamento, segundo a diretora, os 3,8 milhões de associados do grupo no país encontram como diferencial um atendimento mais direto, que passa por estímulos a atividades saudáveis antes mesmo do sinistro. “Temos acompanhamento via aplicativo, profissionais que acompanham o cliente, levam para fazer exercício físico”, lista. “Trabalhar com o cuidado, e não com o sinistro, faz com que os gastos com esse cliente sejam muito menores [na velhice ou tratamento]”.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney