Gerdau busca aumentar investimentos em mineração para melhorar resultados

Empresa optou por seguir sozinha no plano de investimento de R$ 1,8 bi e que deve garantir autossificiência no insumo no Brasil

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – A Gerdau (GGBR4) reforçou, em teleconferência realizada nesta quinta-feira (1), que a decisão que ampliar os investimentos em mineração é uma inciativa para melhorar os resultados da empresa, tendo em vista um cenário mais desafiador da economia global e acirramento da concorrência.  

A empresa anunciou que nesta data que desistiu de buscar parceiros para desenvolver seus ativos de minério de ferro e optou por seguir sozinha no plano de investimento de R$ 1,8 bilhão que deve garantir à maior produtora de aços longos das Américas autossuficiência no insumo no Brasil e sobre de material  para ser vendido no País e no exterior. 

A Gerdau encerrou as buscas por parceiros, uma vez que as propostas não atenderam as expectativas da empresa, disse Osvaldo Schirmer, vice-presidente e diretor de RI, em sua última teleconferência de resultados do grupo antes de se aposentar. Ele, contudo, não revelou a expectativa que a empresa tinha com o recebimento da proposta.

Continua depois da publicidade

O projeto apresentado inicialmente contemplava uma estimativa de recursos na ordem de R$ 2,9 bilhões de toneladas de minério de ferro, quando, atualmente, em função da continuidade de estudos, os recursos estimados estão na ordem de 6,3 bilhões de toneladas, com teor de ferro superior a 40%. Diante da magnitude do projeto e das propostas avaliadas, “consideramos que o melhor a fazer pela empresa seria nos mesmos tomar a frente do projeto”, disse. 

Com isso, a empresa, que já está investindo R$ 838 milhões para ampliar a capacidade de produção de minério de ferro para 11,5 milhões de toneladas em 2013, vai aplicar mais R$ 500 milhões para elevar esse volume para 18 milhões de toneladas até 2016. 

Além disso, outros R$ 500 milhões serão aportados para a construção de um terminal ferroviário em Miguel Burnier, em Minas Gerais, para escoamento da produção mineral. A Gerdau ainda avalia plano para construir um terminal portuário em Itaguaí, no Rio de Janeiro, para exportações. 

Alavancagem não será prejudicada
A decisão de tocar o projeto de mineração sozinha, entretanto, não deve prejudicar o alavancagem da empresa. “A Gerdau dificilmente dá um passo maior do que a perna. Vamos tocar o projeto de mineração, mas isso não deve atrapalhar o balanço da empresa. A alavancagem da empresa é baixa e não há espaço para a preocupação”, disse o executivo.

Ele aponta ainda foi difícil a conquista do grau de investimento pelas três maiores agências de classificação de risco e isso é algo que a Gerdau vai lutar para não perder. O executivo ainda ressaltou que a empresa tem cerca de US$ 1,5 bilhão em disponibilidades financeiras e “para os próximos trimestres talvez baixemos um pouco a liquidez para diminuir a alavancagem. Se os negócios melhorarem e as margens se ampliarem, faremos mais, inclusive”.

No mais, ele destaca que as “minas são excelentes, com teor de mais de 40% de minério, o que nos deixa encorajados para seguir firme no projeto e que teremos preços bastantes competitivos para as exportações, que já devem iniciar no ano que vem”, comentou.

Perspectivas para próximos trimestres
Segundo Schirmer, a decisão de ampliar os investimentos em mineração é uma iniciativa para melhorar os resultados da empresa e, embora esse ano ainda deve seguir com perspectiva mais reduzida, o ano que vem deve abrir com boas projeções de expansão. 

“Continuamos vendo uma boa perspectiva de volume no Brasil, que certamente vai impulsionar o consumo do aço. A agilidade nas tomadas de decisões nos dão confiança para superar as dificuldades impostas nesse cenário desafiador da economia”, disse.

A Gerdau divulgou no balanço do terceiro trimestre que diante das incertezas ainda impostas pelo mercado econômico mundial decidiu revisar seu plano de investimento de R$ 10,3 bilhões até 2016 e que vai divulgar um novo orçamento em fevereiro. 

Ele classificou a revisão como um processo natural e que é cedo para dizer o volume total de recursos poderá ser ampliado ou reduzido, diante das incertezas da economia global nos próximos anos com a crise da Europa e desaceleração na China.