Gafisa confirma negociações da polêmica GWI para venda de participação; ação cai 21% no ano

O grupo GWI detém 49,9% do total de ações da companhia  

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A Gafisa (GFSA3) confirmou nesta segunda-feira (11) que a GWI Asset Management, controladora da empresa, mantém negociações para a venda total ou parcial de sua participação da construtora. Após chegarem a cair 10,82% na mínima do dia, as ações fecharam com perdas de pouco mais de 1%. No ano, os papéis têm perdas de 21,16%.

A informação da venda da fatia foi divulgada em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em resposta a acionistas após a empresa ser alvo de reportagem sobre o assunto.

No documento, o grupo GWI, gestora do coreano Mu Hak You confirma que, “no âmbito de suas atividades de gestão de investimentos e maximização de retorno para os seus investidores, está constantemente avaliando alternativas estratégicas para os seus principais investimentos”.

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O grupo, que detém 49,9% do total de ações da Gafisa, ressaltou que “essas conversas são ainda preliminares e que não há qualquer garantia de que qualquer operação será realizada”.

A GWI assumiu o comando da Gafisa em setembro de 2018 e, em um movimento polêmico, conseguiu destituir o Conselho de Administração da companhia. Desde então, a empresa realizou demissões, deixou de pagar fornecedores e passou a buscar a renegociação de contratos que considera pouco vantajosos.

A gestora tem a tradição de entrar em negócios em dificuldades, como na Saraiva (SLED4). Sobre o seu período na varejista, em 2016 Mu Hak You foi filmado entrando nos escritórios dos diretores durante um fim de semana, mexendo em papéis de executivos da companhia; ele também é conhecido bastante agressivo até mesmo em reuniões. 

Nos últimos meses, a GWI aumentou sua fatia de 37,3% para 49,9%. O apetite chamou a atenção do mercado, já que a Gafisa está no vermelho. No ano passado, o prejuízo chegou a R$ 122,5 milhões até setembro. Em 2017, a perda foi de R$ 849,8 milhões.

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A Gafisa lançou apenas um empreendimento nos últimos três meses de 2018 com um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 118,9 milhões. Estava previsto, pela própria empresa, o lançamento de mais três empreendimentos no período com VGV de aproximadamente R$ 320 milhões. No entanto, a Gafisa decidiu postergá-los para 2019.

Desvio de recursos

Não é só o imbróglio sobre a venda de participação de seu controlador que tem deixado acionistas com o pé atrás com a Gafisa. A empresa acumula queda de 28,6% neste ano em meio aos seus problemas operacionais; além disso, nos últimos dias, ganhou destaque a polêmica decorrente de uma acusação de desvios de recursos. 

Segundo a Polo Capital Securitizadora, que comprou dívidas da Gafisa e teria o direito de receber parte dos valores pagos pelos clientes da companhia, a construtora enviou, no início de fevereiro, novos boletos de cobrança a clientes em que listava seus próprios dados bancários, em vez dos relativos à Polo Capital. O total, segundo fontes próximas ao caso ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo, seria de R$ 1,8 milhão.

Com a alteração dos boletos, a Polo Capital diz que “a Gafisa passou a receber indevidamente os créditos de compradores de imóveis de titularidade da securitizadora”. Segundo fontes de mercado, há cerca de R$ 300 milhões em CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) emitidos pela Gafisa. Não há detalhes sobre qual parcela foi securitizada pela Polo Capital.

Na ocasião, a Gafisa disse que estava “tomando as medidas cabíveis” em relação à acusação de ter se apropriado indevidamente de créditos de compradores de imóveis que deveriam ser usados para remunerar operação de securitização.

(Com Agência Estado)