Funcionários do BNDES convocam ato contra demissão de acusado por vazamento

A manifestação está marcada para as 14h30, no térreo do edifício sede do BNDES, no Centro do Rio

Estadão Conteúdo

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Em meio à mobilização contra a demissão por justa causa de um empregado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sob acusação de vazamento de informações sigilosas, a AFBNDES, associação dos funcionários da instituição de fomento, promoverá na sexta-feira, 13, um ato de protesto. A manifestação está marcada para as 14h30, no térreo do edifício sede do BNDES, no Centro do Rio.

“Está na hora dos empregados do banco responderem às ações de intimidação da atual diretoria”, diz um trecho do editorial do “Vínculo”, jornal da AFBNDES, na edição publicada nesta quinta-feira, 12.

Funcionário da área de tecnologia da informação (TI), Gustavo Soares foi demitido em novembro, sob acusação de vazar um documento sigiloso e copiar arquivos indevidamente.

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O trabalhador recorreu ao Judiciário para tentar reverter a decisão da diretoria do BNDES, como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) na sexta-feira da semana passada, dia 6. Em “carta aberta” publicada também no jornal da AFBNDES, Soares chamou a demissão de “arbitrária”, se disse “injustiçado”, alegou que não teve direito a defesa e que a justificativa para a decisão incluiu “calúnias”.

“A sindicância sobre o suposto vazamento de informações que ocorreu em agosto deste ano foi pilotada e está sendo usada para criar um clima de medo junto aos empregados do Banco. Isso é inaceitável!”, diz outro trecho do editorial da AFBNDES que convoca para o ato de protesto de sexta-feira.

Procurado na semana passada, o BNDES não comentou a demissão de Soares. Segundo fontes que pediram para não se identificar, o documento que circulou entre os funcionários do banco era uma apresentação de slides sobre a campanha “BNDES Aberto”, canal de transparência da instituição de fomento lançado mês passado.

A apresentação, conforme relatos de pessoas que tiveram acesso ao material, tratava das estratégias da campanha de divulgação e lançamento do novo canal e discutia os caminhos da nova diretoria, empossada em julho, para tratar publicamente de supostas irregularidades e erros nas gestões do BNDES nos governos do PT – no intuito de “abrir a caixa-preta” do banco.

Ainda de acordo com as fontes ouvidas pelo Broadcast, Soares copiou o arquivo com a apresentação de um diretório “público” na rede do BNDES, ao qual todos os funcionários têm acesso, para seu computador de trabalho no banco.

Apesar de sigilosa, a apresentação foi colocada no diretório por um equívoco. Em seguida, o arquivo teria circulado entre funcionários. Na carta aberta, Soares alegou que “o documento não foi vazado, foi repassado somente para poucos funcionários do Banco e não há qualquer evidência de que o documento tenha ‘saído’ da empresa”.

Segundo uma das fontes, as normas do BNDES consideram que, quando um documento interno não traz escrita a classificação de informações, os empregados devem considerá-lo sigiloso. Além disso, teria pesado na justificativa da demissão por justa causa o fato de o funcionário copiar arquivos de forma recorrente, nos últimos anos, incluindo material produzido nas gestões de governos anteriores no BNDES, informou uma das fontes.