Fleury reforça caixa para combater crise e investe R$ 6 milhões em telemedicina, diz CEO

Em live do InfoMoney, Carlos Marinelli afirmou que a empresa, mesmo no setor de saúde e na linha de frente da Covid-19, também é prejudicada pela pandemia

Anderson Figo

SÃO PAULO — Na linha de frente dos diagnósticos da Covid-19 no Brasil, o Fleury (FLRY3) também tem sido prejudicado pelo avanço da doença no país. Segundo o CEO do grupo, Carlos Marinelli, a demanda por serviços relacionados ao coronavírus é ofuscada pela queda nos diagnósticos eletivos, das doenças comuns, que já existiam antes.

Em live do InfoMoney, o executivo afirmou que o grupo reforçou o caixa em R$ 550 milhões com uma captação no início do mês e adiou o pagamento de dividendos para dezembro, além de ter investido R$ 6 milhões em plataformas de telemedicina e atendimento clínico em unidades Fleury e a+, pela rede SantéCorp.

“Um dos impactos negativos da pandemia sobre o nosso negócio é que o médico não estava conseguindo fazer suas consultas, já que as pessoas estão em casa. Se o médico não faz consulta, não há o pedido para a investigação diagnóstica com a solicitação de exames, que hoje é um dos carros-chefes do Fleury em termos de modelo de negócios”, disse Marinelli.

A plataforma “Cuidar Digital” veio para amenizar este problema. É uma estrutura online pela qual médicos cadastrados podem realizar consultas por videoconferência com seus pacientes, ter acesso a prontuários e exames, caso eles tenham sido feitos na rede Fleury. A plataforma é aberta a qualquer médico, não precisa ser ligado ao grupo, e, por ora, é de graça.

“O que a gente fez neste momento foi acelerar ainda mais aquilo que a gente já estava desenvolvendo. A gente já tinha telemedicina colocada dentro da plataforma SantéCorp. Aprimoramos a plataforma e criamos a ‘Cuidar Digital'”, disse. “Qualquer médico pode usar a plataforma com qualquer cliente/paciente, mesmo em uma região onde o Fleury não atua. De graça. A não cobrança é um ato de responsabilidade social nossa em um momento de pandemia.”

O CEO frisou, no entanto, que no futuro o grupo pretende tornar a plataforma rentável com cobranças e parcerias. “Tudo o que a gente criar de tecnologia para permitir a consulta à distância entre o médico e o paciente é passível de cobrança no futuro. Mas este não é o momento. O momento agora é para os profissionais conhecerem a plataforma, aprenderem como ela funciona e suas vantagens.”

O Fleury também não está lucrando para fazer os testes diagnósticos do tipo PCR de Covid-19 nos hospitais conveniados do grupo (atualmente 30 unidades) — o serviço tem sido feito a preço de custo, ou seja, os hospitais pagam apenas o custo do teste, sem a remuneração do Fleury pelo serviço. Mas o teste também é oferecido de forma privada e segura, via drive thru, por exemplo, com custo pelo serviço.

“A posição de caixa hoje da companhia é suficiente para a gente passar, mesmo no pior cenário que a gente imagina, ao outro lado do túnel”, afirmou o executivo. “Vamos fazer isso inclusive aproveitando oportunidades”, completou Marinelli, que disse que a área de fusões e aquisições da empresa segue atenta.

“O momento é conturbado. Quando a gente compra uma empresa, pegamos os resultados dela no passado e projetamos para o futuro. Com a crise do coronavírus isso não funciona mais. A gente continua em contato com targets de eventuais aquisições, mas estamos numa postura mais conservadora. Isso depende de caixa também”, afirmou.

“A perspectiva da empresa para os próximos anos continua sendo de crescimento. Vamos continuar perseguindo a consolidação do mercado de diagnósticos. Nós vamos crescer em outras áreas também, em gestão de cuidados e outras etapas da cadeia de valor em que já prestamos serviços. A Covid-19 é algo que está chacoalhando o setor de saúde, que vai estar diferente na hora que isso tudo passar. Temos que estar atentos às oportunidades de oferecer o melhor serviço para os médicos e para os pacientes.”

O executivo concluiu que o momento exige “responsabilidade”, por isso o Fleury pretende preservar ao máximo os recursos humanos da empresa, que possui 11 mil funcionários. “Temos que ser diligentes também no comando da companhia. Vamos entender quais estratégias possíveis podemos usar para lidar com nossos custos fixos”, disse, mencionando o adiantamento de férias de colaboradores e o aproveitamento das medidas anunciadas recentemente pelo governo para flexibilizar a carga horária e remuneração dos trabalhadores.

“Queremos manter os empregos, a capacidade instalada de conhecimento que a gente tem e, ao mesmo tempo, dar a saúde financeira que a empresa precisa para continuar desenvolvendo seu negócio”, disse Marinelli. “Estamos num momento único. (…) É o momento de termos uma visão de futuro que nos liberte do medo. Tentar resgatar a nossa liberdade. Como? Investindo muito em pesquisa sobre essa doença, qualidade de informação sobre essa doença. Só assim vamos ganhar novamente essa liberdade de poder dar um aperto de mão, ir sem medo a um restaurante ou até a uma consulta. O isolamento social tem sido preponderante para o momento, mas temos que investir no conhecimento para conquistarmos essa liberdade novamente.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.