Ferramenta de buscas, galinha dos ovos de ouro do Google, desacelera

Pilar do Google enfrenta concorrência, mudança nos hábitos dos usuários e desgastes causados pelo excesso de publicidade

Bloomberg

(Shutterstock)

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(Bloomberg) — Novos números da Alphabet divulgados esta semana confirmaram um grande temor que paira sobre a gigante da Internet há anos: o negócio de buscas on-line do Google está desacelerando.

Em seu balanço de 2019, a Alphabet dividiu a receita de publicidade em três grupos pela primeira vez: Search, YouTube e negócio de rede, que administra espaços de marketing em outros sites. As vendas de buscas cresceram 15% em 2019, um ritmo mais lento do que o ganho de 22% em 2018.

“Esse esvaziamento da pesquisa é real”, escreveu Mark Shmulik, analista do Sanford C. Bernstein, em relatório aos investidores após os resultados. Para manter o crescimento mesmo nesse nível mais baixo, o Google terá que gerar mais receita com o serviço Maps, busca de imagens e publicidade para pesquisas de compras, disse.

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A ferramenta de buscas do Google é um dos negócios mais lucrativos já criados, ajudando a empresa a acumular mais de US$ 100 bilhões. Impulsionou o Google de uma garagem no Vale do Silício para se transformar em um gigante de trilhões de dólares que domina publicidade digital, vídeo on-line, mapas e e-mail.

As buscas cresceram rápido, já que mais pessoas ficam on-line procurando informações. Smartphones também aumentaram o uso, e a receita deu um salto depois que o Google carregou mais anúncios no topo dos resultados das buscas em celulares. Mas existem limites para a expansão de um negócio tão grande.

É difícil o Google colocar tantos anúncios no site sem diminuir a qualidade dos resultados da pesquisa. Nos celulares, os anúncios costumam preencher a tela inteira, forçando os usuários a deslizar para baixo se quiserem ver listagens gratuitas.

Ao longo dos anos, o Google usou vários ajustes para obter mais cliques nos anúncios atrelados às buscas. Mas pode haver limites para isso também. Recentemente, a empresa mudou a maneira como os anúncios são rotulados, o que levou a críticas de que estava mesclando publicidade e resultados gratuitos. A empresa rapidamente voltou atrás.

E menos pessoas estão entrando na Internet nos mercados de anúncios de buscas mais lucrativos. De 2017 a 2019, o número de usuários de Internet na Europa cresceu 10%, enquanto na América do Norte o crescimento foi de apenas 2%.

Na Ásia, a população on-line aumentou 19%, segundo a empresa de agregação de dados Statista. O Google desenvolveu um serviço de busca censurado para a China, o maior mercado de Internet do mundo, mas descartou o projeto depois que algumas autoridades e políticos dos EUA criticaram a iniciativa.

Alguns dos anúncios de buscas mais valiosos – aqueles para produtos específicos que as pessoas podem comprar – enfrentam concorrência, especialmente da Amazon.com. Agora, cerca de metade das buscas de produtos começa na Amazon, escreveu Shmulik, do Bernstein, em nota no início deste ano.

Isso estimulou o Google a criar outros tipos de anúncios atrelados a compras, mas isso não reverteu a desaceleração. Buscas sobre ideias de decoração e roupas também acontecem cada vez mais em redes sociais como Pinterest e Instagram. E milhões de pessoas buscam músicas no aplicativo móvel do Spotify, não no Google.

O Google trabalha duro para conseguir uma fatia de muitas dessas pesquisas mais especializadas. Ainda assim, o analista do Bernstein espera que o crescimento da receita diminua. Depois de aumentar 19% ao ano de 2015 a 2019, Shmulik estima que o crescimento anual da receita de buscas do Google fique entre 13% e 15% nos próximos anos.

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