Feira Preta: ela começou a empreender por necessidade e construiu o maior evento de cultura negra da AL

A trajetória de Adriana Barbosa — que chegou a ter uma dívida de R$ 200 mil por conta da Feira Preta — é tema do episódio do podcast Do Zero ao Topo

Letícia Toledo

Publicidade

SÃO PAULO – Quando foi demitida de uma gravadora, em 2001, Adriana Barbosa lembrou dos ensinamentos de sua bisavó materna para encontrar uma nova fonte de renda.

“Naquela época eu estava deprimida porque não arranjava emprego. Então lembrei que minha bisavó [que fazia marmitas para sustentar a família] sempre falava que, para criar algo, é importante entender o que você tem em mãos, o que você sabe fazer e qual a sua rede de relacionamentos”, afirmou Adriana em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo.

A empreendedora então começou a vender roupas usadas em feiras. Com essa experiência, veio o desejo de criar algo voltado para a população negra. Assim nasceu a Feira Preta, em 2002, hoje o maior evento de cultura negra da América Latina.

Continua depois da publicidade

A história da construção da empresa é tema do 66º episódio do podcast Do Zero ao Topo. É possível seguir e escutar a entrevista completa via ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox, Amazon Music e demais agregadores.

“Eu estava inconformada porque a população negra produzia, consumia, mas não se apropriava financeiramente da riqueza que era gerada a partir dessa cultura negra”, contou Adriana sobre a criação da Feira Preta.

A primeira edição do evento, em 2002, aconteceu em Pinheiros. Na época, muitas marcas tinham receio de associar seu nome a um evento chamado Feira Preta. No fim, a empreendedora conseguiu convencer a Unilever, que havia lançado o primeiro sabonete voltado para pele negra, a patrocinar a feira com R$ 3 mil. A edição reuniu 5.000 pessoas e 40 expositores.

O crescimento de público era visível, ano após ano, mas a Feira Preta demorou a se formatar como um negócio. “Eu demorei até entender que o que eu estava fazendo era empreendedorismo”, revelou Adriana.

Em 2016 — ano em que a Feira Preta chegou à sua gloriosa 15ª edição e o público esperado era de 20.000 pessoas — o número de participantes caiu pela primeira vez, e drasticamente. Apenas 5.000 participram. Para Adriana, o saldo do ano foi uma dívida de R$ 200 mil.

A empreendedora precisou se mudou com a filha pequena para uma kitnet e tirá-la da escola particupar. O dinheiro para comprar alimentos na época vinha de amigos e da família. Nesta stiuação, recebeu uma notícia: foi eleita uma das 51 pessoas negras mais influentes do mundo pelo Mipad (o programa “Os Maiores Influenciadores Afrodescendentes”, na sigla em inglês, criado pela ONU). Na lista haviam apenas mais dois brasileiros: os atores Thais Araújo e Lázaro Ramos.

O reconhecimento — que lhe rendeu uma viagem à Nova York — trouxe a força necessária para Adriana se reerguer. Ela focou em identificar os problemas da Feira Preta e reestruturar o evento. Na edição seguinte, 27.000 pessoas compareceram. Confira a trajetória completa da empreendedora e seus negócios no podcast.

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias utilizadas na construção do negócio.

O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar, David Neeleman, fundador da Azul, José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner, Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário, Sebastião Bonfim, criador da Centauro e Edgard Corona, da rede Smart Fit.

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.