Eve, da Embraer (EMBR3), mantém meta de iniciar operações em 2026 e busca certificação de aeronave

A companhia espera que as autoridades avancem nas regras para o setor em 2023, o que abriria caminho para a certificação "em alguns anos"

Reuters

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Por Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) – A fabricante de aeronaves elétricas Eve Holding Inc permanece “no caminho certo” para atingir sua meta de iniciar suas operações comerciais em 2026, disse um executivo nesta sexta-feira, com sua meta mais urgente sendo obter a certificação de uma aeronave.

O vice-presidente de serviços e operações de frota da Eve, Luiz Mauad, disse em uma entrevista à Reuters que espera que as autoridades avancem no estabelecimento de regras para o setor em 2023, o que abriria caminho para a certificação “em alguns anos”.

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A Eve, controlada pela fabricante aeronaves Embraer, abriu no ano passado um processo para que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) certifique sua aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL). A carteira de pedidos pela aeronave já ultrapassa 2.700 antes do início da produção.

“Entrar em serviço, sim, é um marco superimportante, mas antes disso vem a certificação — e certificar um avião, mesmo um avião tradicional, já é um desafio gigante para qualquer empresa”, disse Mauad antes do evento MRO Latin America, em Buenos Aires.

Eve está confiante no “projeto robusto”, que conta com a expertise da Embraer, disse Mauad, reiterando a meta de iniciar as operações em 2026.

Ele disse que a Eve já tem o dinheiro necessário para o projeto, inicialmente estimado em 540 milhões de dólares, após realizar uma listagem nos Estados Unidos e um financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A Eve estreou na Bolsa de Valores de Nova York em maio de 2022, após fundir seus negócios com a Zanite Acquisition, levantando cerca de 400 milhões de dólares para a fabricação de suas aeronaves. O BNDES anunciou posteriormente financiamento à Eve de 490 milhões de reais adicionais.

“Nós temos uma base sólida de investimentos, temos como viabilizar o nosso projeto –empresa e produtos”, disse Mauad, observando que a Eve também tem trabalhado em soluções como um software para gerenciamento de tráfego aéreo.

“O investimento que a gente já captou nos dá tranquilidade de desenvolver todos esses produtos até colocá-los em serviço” disse ele. “Outros investimentos, se necessário, talvez possam vir, mas ainda nós estamos em uma posição muito tranquila.”

Seus comentários acontecem após a empresa de consultoria McKinsey dizer no início deste ano que um financiamento adicional seria importante para os agentes do setor neste ano.

Os pares de Eve incluem Joby Aviation, Vertical Aerospace, Lilium e Archer Aviation.

Em relatório, a McKinsey também sugeriu a possibilidade de consolidação, dizendo que fusões e fechamentos de negócios podem ser vistos à medida que “os players amadurecem e pode ficar mais claro quais tecnologias, designs e modelos de negócios são prováveis de fazer sucesso”.

Mauad reconheceu que um processo de consolidação poderia acontecer no setor, mas observou que a Eve ainda está particularmente focada em trabalhar por meio de suas parcerias.

Os investidores da Eve incluem United Airlines, Acciona, SkyWest, Bradesco BBI, Rolls-Royce, Thales e BAE Systems.

(Reportagem de Gabriel Araujo)