“Estamos tratando nossos funcionários como heróis”, diz CEO da Kraft Heinz

Executivo comemora os menores níveis de absenteísmo da história da companhia e se sente um "líder de torcida"

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Para Miguel Patrício, CEO global da gigante de alimentos Kraft Heinz, seus funcionários, bem como os profissionais do setor de saúde, são heróis na linha de frente da guerra mundial contra o coronavírus. “Sem esses dois setores, a sociedade para”, disse Patrício em live transmitida pela XP Investimentos nesta sexta-feira (3). “Estamos tratando nossos funcionários e nossos colegas como heróis, e é assim que eu quero que eles se sintam, porque eles são.”

Com os efeitos da pandemia, o funcionamento da companhia mudou consideravelmente nas últimas semanas. Segundo o CEO, a produção de insumos para supermercados está mais intensa, com funcionários trabalhando 24 horas por dia, em três turnos. Enquanto isso, as fábricas voltadas ao food service (ou seja, as que fornecem para restaurantes e outros estabelecimentos) estão praticamente paradas na Europa – o que não ocorre nos EUA graças à demanda das redes de fast food, cujo atendimento via delivery corresponde a 70% das vendas.

Neste cenário, Patrício observou um comportamento inesperado. “Meu maior medo era que nossas fábricas parassem por contaminação de funcionários, determinação do governo ou pressão dos sindicatos”, revelou. Mas, segundo ele, os funcionários estão “entendendo muito bem” que estar no setor agora é um “privilégio e uma responsabilidade muito grande” e “estão muito orgulhosos”. A companhia tem neste momento o menor nível de absenteísmo (ausência normal de funcionários em qualquer negócio) da sua história, comemorou.

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Líder de torcida

Com o mote “feeding America” (alimentando a América), o CEO se sente um cheerleader (animador de torcida) quando visita as fábricas com a missão de continuar motivando os funcionários, que vêm batendo recordes de produtividade. E vê o momento como uma oportunidade de realizar o turnaround anunciado pela companhia após uma perda de 70% em valor de mercado nos últimos três anos.

Este é o melhor momento para adaptar o modelo de negócios, acredita Patrício, que se diz “pilhado” para realizar as mudanças necessárias na companhia. “Nunca despreze uma crise. A crise é sempre o momento de se reinventar, quando as pessoas estão mais propensas a mudanças. Eu participei de alguns turnarounds na vida e os momentos de crise são os que mais me energizam”, disse. “Estamos reaprendendo, e essa transformação, para um líder, é a coisa mais fascinante que existe.”

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney