Espírito Santo quer ser hub tech com dinheiro de royalties do petróleo

Para isso, metade do dinheiro obtido pela partilha de royalties do petróleo e do gás natural tem sido aplicado na criação e aceleração de startups

Estadão Conteúdo

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O governo do Espírito Santo tenta fazer com que o Estado vire um hub de tecnologia e de empresas preocupadas com a agenda ESG. Para isso, metade do dinheiro obtido pela partilha de royalties do petróleo e do gás natural extraídos do solo capixaba tem sido alocado pelo governo, via banco de desenvolvimento estadual, em investimento para criação e aceleração de startups. O Estado também estimula a atração de empresas com forte política ligada a sustentabilidade.

Parte do fundo soberano de R$ 1,2 bilhão é usado para a agenda de desenvolvimento. Metade do valor total é destinada a uma poupança para a população e a outra metade é disponibilizada para dois programas coordenados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento do ES (Bandes).

Há um ano, foi criado o fundo de investimento em participações a partir de R$ 250 milhões do Fundo Soberano estadual, o FIP Funses 1. Gerido pela TM3 Capital, em parceria com o Bandes e com a aceleradora Ace, o fundo de investimento aplica recursos em startups de tecnologia. A ideia é atrair para o Estado interessados, de outras partes do País, para criar um hub tecnológico.

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“O Espírito Santo, ao longo dos últimos 10, 12 anos, fez uma gestão fiscal muito responsável que faz com que o Estado tenha uma poupança suficiente para criar um fundo a partir desses recursos. E foi inovador, porque entende que é importante usar o recurso para desenvolvimento”, afirma o presidente do Bandes, Marcelo Saintive.

“A ideia é pegar as startups de tecnologia para fomentar esse ecossistema, dar velocidade para ele, para que a sociedade capixaba consiga se apropriar de um ecossistema de inovação, que beneficia toda a economia. É o único Estado que tem um fundo soberano e faz dele voltado à inovação”, afirma.

As startups podem passar por um processo de estruturação ou, se já estão em funcionamento e maduras, recebem recursos do Estado, através do fundo de investimento. Uma das 17 startups que receberam recursos é a capixaba Aevo, uma plataforma de gestão de inovação para empresas. Neste primeiro ano, foram liberados R$ 33 milhões para investimento.

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“Daqui a cinco anos achamos que teremos 50 empresas com investimento direto do fundo soberano, entendendo que há uma devolução para a sociedade em inovação, aumento da renda, que acreditamos que será positivo”, diz.

É o maior fundo de venture capital com cotista único no País. Além dos investimentos nas empresas, a expectativa é ajudar na aceleração digital de até 500 startups nos próximos dez anos.

No mês de julho, o Estado colocou de pé outro braço do programa de desenvolvimento com recursos do Fundo Soberano. Serão destinados R$ 250 milhões para emissão de debêntures para empresas que tenham especial atenção às práticas ESG e que quiserem operar no Estado.

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Nesse caso, o Estado buscou projetos que exigem investimento mínimo de R$ 20 a R$ 50 milhões e se propôs a financiar até 80% do valor necessário. O chamado para empresas se inscreverem no programa se encerrou há uma semana e 22 companhias demonstraram interesse.

“O governo entende que nessa discussão de desenvolvimento sustentável é preciso ter um sistema de inovação dinâmico, perene. E resolve também alocar em empresas que estão no Estado ou que queiram implantar negócios aqui”, afirma o presidente do Bandes.