Empréstimo: saiba escolher e pagar menos juros de acordo com sua necessidade

Às vezes é preciso fazer um empréstimo, desde que seja de forma consciente -  e os especialistas concordam nisso     

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Lidar com dívidas faz parte da vida financeira. No entanto, você só deve ficar devendo dinheiro se tiver um propósito para isso. De acordo com Carol Sandler, educadora financeira e criadora do canal a Finanças Femininas, às vezes um empréstimo é necessário, desde que seja de forma consciente. 

Benjamin Gleason,  fundador do Guiabolso, complementa que o crédito permite antecipar um tipo de consumo. “E tem momentos que vale a pena e faz sentido como na aquisição de um bem, como uma casa, por exemplo. Mas tenha conhecimento de quanto você realmente vai estar pagando”, orienta.

A urgência também pode fazer necessária a tomada de crédito. “Por exemplo, você precisa comprar uma nova geladeira. Se você não conseguir desconto na loja, não dá pode esperar meses para juntar dinheiro, então parcelar se faz necessário”, explica Sandler.  

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A chave é sempre buscar o tipo mais adequado de empréstimo para a sua dívida. O mercado oferece muitas opções, por isso é preciso pesquisar os melhores juros e prazos.

“Os brasileiros precisam começar a criar o hábito de pesquisar e procurar pelas melhores condições. Algumas pessoas usam o cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito, por exemplo, para salvar as contas extrapoladas no final do mês, mas não percebem o quanto isso pode ser prejudicial para as contas a longo prazo. Mas são grandes ciladas, já que as taxas de juros são altíssimas”, afirma Paulo Marchetti, CEO da ComparaOnline no Brasil. 

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Vale lembrar que empréstimos possibilitam a realização de sonhos ou quitação dívidas de maneira rápida – sem a necessidade economizar e sem ter dinheiro em mãos -, mas são produtos oferecidos pelas credoras e, como produto, quem o vende espera o lucro.

Há quatro modalidades principais de empréstimos no mercado: pessoal, consignado, cheque especial e rotativo. Cada um deles apresenta suas características e, claro, os respectivos juros.

Empréstimo pessoal

O empréstimo pessoal pode ser uma boa saída para as dívidas planejadas, segundo Sandler. “Para um custo como casamento, por exemplo, pode fazer sentido usar. Mas é uma modalidade menos popular. Optamos pela praticidade e facilidade de parcelamento no cartão ou cheque especial sem comparar os juros”, analisa. “Entre esses, o pessoal compensa bem mais – embora ainda tenha juros altos, principalmente em bancos”, afirma.

Segundo o Banco Central, os juros para empréstimo pessoal podem chegar a mais de 20% ao ano em bancos. Qualquer um pode tentar um empréstimo pessoal, mas o banco faz uma análise de crédito do cliente antes de concedê-lo (ou seja, vê se ele tem potencial de pagar a dívida que está tomando).

Nesse caso fica o alerta de que é preciso ter estar com o planejamento financeiro em dia para não se envolver em mais dívidas.

Crédito consignado  

A modalidade de crédito consignado tem as menores taxas de juros do mercado – a taxa mais alta chega a 3,5% ao mês. Originalmente, apenas algumas pessoas são elegíveis para solicitar, incluindo aposentados e pensionistas (beneficiários INSS), servidores públicos (Federal, Estadual e Municipal), militares das Forças Armadas e trabalhadores com carteira assinada.

Essa modalidade dá a sensação de que o impacto no bolso não é tão grande, porque o dinheiro é descontado direto da folha de pagamento. No entanto, quando se avalia o custo final, os juros também são consideráveis. Por exemplo, no caso de idosos os juros são deduzidos direto da aposentadoria – a renda já chega menor. 

Outro aspecto de atenção é a frequência com que esse crédito é usado como isca para golpes, geralmente deferidos em pessoas mais velhas.

Também há plataformas novas que oferecem o consignado ao público em geral via parcerias com bancos. A fintech Creditas, por exemplo, oferece crédito com garantia de imóvel com juro a partir de 1,09%. Isso democratiza o acesso à modalidade mais barata do mercado.

Cheque especial

O cheque especial, por sua vez, é o mais grave, segundo Gleason. Com juros que podem alcançar 500% ao ano, essa modalidade realmente pode destruir uma vida financeira. “Esse é bom evitar sempre – se tem poupança, qualquer tipo de investimento ou reserva, utilize, mas não use o cheque especial”, afirma o executivo. Na prática, é um limite de crédito pré-aprovado pelo banco, que cobre o saldo negativo da sua conta.

“O problema é que é um dinheiro fácil e prático de usar e geralmente as pessoas agem sob impulso e só pensam no prejuízo depois”, diz Sandler. “Se você usa de forma consciente e depois de dois, três dias o salário cai e consegue pagar a dívida não é um problema – mas não costuma ser assim”, pondera.

Ela explica, que essa categoria não parte de análise de crédito e já está vinculada à sua conta corrente, vira uma extensão da sua própria renda se você não tem controle e planejamento financeiro. O banco faz uma análise de perfil para liberar um limite maior ou menor do cheque especial.

Crédito Rotativo

Por último, o crédito rotativo, que é oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura do cartão de crédito, também pode ser uma grande armadilha. “Eu costumo dizer que cartão de crédito é útil, mas se você não sabe usar, pode virar uma arma. Os juros também são altos e se a pessoa não é organizada, pode acabar com a vida financeira em dívidas desse tipo”, afirma Sandler.

O cartão de crédito é um vilão porque não exige que o consumidor tenha o dinheiro em mãos – e pode fazer com que a pessoa compre sem ter a certeza de que pode arcar com os custos. 

Confira as 4 modalidades de empréstimo

  Empréstimo Pessoal Empréstimo Consignado Cheque Especial Empréstimo Rotativo
Quando usar? Você deve usar para dívidas planejadas Para realizar um sonho, como organizar o casamento, comprar o carro ou casa própria, e até mesmo fazer um intercâmbio. Esse modelo, é muito solicitado para ajudar na organização financeira familiar, visto que as taxas de juros são mais baixas e as pessoas elegíveis em grande maioria possuem renda estável. Esse tipo de empréstimo tem juros muito altos e entrar no cheque especial pode ser uma grande armadilha.

O ideal é usar  apenas em casos emergenciais, em que conseguirá quitá-lo em um curto prazo.
Se você não conseguir pagar a fatura cheia do cartão de crédito vai precisar do rotativo.
Quem é elegível? Geralmente elegível para um amplo perfil, mas com condições diferentes para cada um. Geralmente aposentados, militares, funcionários públicos e algumas empresas que fornecem o desconto em folha do empréstimo. Pessoas que possuem conta corrente.  Pessoas que possuem cartão de crédito. 
Cuidados É acessível, mas não deve ser feito com frequência. É preciso cuidado e organização financeira para que os empréstimos sejam feitos de acordo com necessidades reais. Normalmente são bastante atrativos, pois oferecem as taxas mais baixas do mercado, mas é limitado para perfis com estabilidade financeira comprovada. Um engano comum entre as pessoas é ver esse valor como o total do dinheiro que se tem na conta, quando na verdade trata-se de um empréstimo com juros altos. Os juros do cartão de crédito costumam ser os grandes causadores de problemas financeiros porque são aplicados sobre o valor da dívida e sobre o tempo de uso, que costuma ser longo
Taxas de juros Pode ultrapassar os 20% ao mês Pode chegar a 3,50% ao mês Geralmente são as taxas mais altas do mercado, podendo variar de 20% a 500% ao ano A taxa varia de instituição para instituição, mas são bem altas. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.